O plantio da soja em Mato Grosso continua avançando e se aproxima da reta final. Contudo, os 85,68% de lavouras semeadas sofrem com as chuvas irregulares observadas nas mais diversas regiões. Na última semana, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja Mato Grosso) encaminhou um ofício ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) alertando para a crise hídrica e os riscos à produtividade da safra 2025/26 no estado.
A previsão é que 13 milhões de hectares de soja sejam cultivados em Mato Grosso nesta temporada, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Na variação semanal, os trabalhos registram uma extensão de 9,55 pontos percentuais.
O relatório divulgado pelo Instituto na última sexta-feira (7) mostra que, pela segunda semana consecutiva, a semeadura está atrás do ritmo do ciclo 2024/25, quando 93,72% da área já estava cultivada. O mesmo ocorre em relação à média dos últimos cinco anos, de 90,64%.
Conforme o Imea, as regiões médio-norte (99,22%), noroeste (99,12%) e norte (97,70%) devem encerrar o plantio nesta semana, enquanto sudeste (69,41%) e nordeste (68,75%) ainda preocupam com o atraso.
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Falta de chuva preocupa e afeta o desenvolvimento das lavouras
A Aprosoja Mato Grosso alerta que a falta de chuvas e o calor intenso vêm comprometendo o desenvolvimento da soja em diversas regiões, provocando germinação irregular, falhas de estande e necessidade de replantio. No documento enviado ao Mapa, a entidade pede que o Ministério e a Conab revisem as estimativas oficiais da safra, para refletir a real condição das lavouras no estado.
Na região leste, o vice-presidente da Aprosoja Mato Grosso, Luiz Pedro Bier, relata que as precipitações continuam irregulares e que muitos produtores precisaram refazer áreas. “A deficiência hídrica é notória. Ainda não é possível contabilizar os prejuízos financeiros, mas sabemos que teremos algum prejuízo”, afirma ele, que é produtor na região.
Também no leste, o conselheiro consultivo e produtor Endrigo Dalcin conta que perdeu cerca de 10% da área plantada e avalia se fará o replantio, já que isso pode comprometer a janela para o milho. “O replantio das primeiras sojas plantadas lá no dia 13 e 14 de outubro ainda vai ser avaliado, mas acredito que cerca de 10% da área plantada deve precisar de replantio”, explica.
No norte, o delegado do Núcleo de Sorriso, Adalberto Grando, diz que há mais de 15 dias não chove e que o uso de pivôs tem sido a alternativa para tentar preservar o que foi semeado. “A perspectiva para a próxima safra é bem complicada, porque teremos uma redução na produtividade da soja e na área de milho da segunda safra”, lamenta, prevendo que a receita no final de 2026 vai ficar abaixo do esperado.
O cenário se repete no oeste. Segundo o vice-presidente da Aprosoja Mato Grosso na região, Gilson Antunes de Melo, as lavouras estão mal implantadas e o potencial produtivo já é menor. “O produtor começou a safra em condições muito desfavoráveis, com lavouras mal nascidas. Sabemos que isso, lá na frente, resulta em perda de produtividade”, observa.
No sul, o vice-presidente da região Fernando Ferri ressalta que há mais de dez dias não chove e que as plantas apresentam baixo desenvolvimento. “A maior preocupação é ter uma produtividade menor do que a esperada, com preços iguais ou até piores que os da safra passada”, frisa.
A Aprosoja Mato Grosso ressalta que segue monitorando a evolução da safra 2025/26 e defende que os produtores tenham acesso a crédito compatível com as dificuldades enfrentadas em meio à crise climática.


Previsão aponta chuva mais forte no sul e volumes baixos no norte
O meteorologista Arthur Müller, do Dia de Ajudar, explica que o cenário de irregularidade nas chuvas deve continuar nos próximos dias em Mato Grosso.
“Nos próximos dias, a chuva ganha força principalmente no sul de Mato Grosso, onde se espera entre 30 e 50 milímetros em cinco dias. Já no centro-norte, as pancadas serão mais passageiras e não tão volumosas. Quando a gente olha para o período de 16 a 20 de novembro, chuvas mal distribuídas somam 20 e 30 mm no estado. Vai ser uma semana de tempo mais quente e seco”, detalha.
Em Água Boa, a previsão é de cerca de 30 milímetros entre esta segunda (10) e terça-feira (11), com tempo firme entre os dias 13 e 15 e o retorno das chuvas mais intensas na segunda quinzena de novembro, quando os acumulados podem ultrapassar de 80 a 90 milímetros.
Na região de Rondonópolis, Müller aponta que o volume mais expressivo deve ocorrer também a partir da segunda metade do mês, com acumulados próximos de 100 milímetros. “Até lá, as pancadas de chuva devem ficar entre 6 e 10 milímetros”, observa.
Em Sorriso, principal município produtor de soja do estado, as precipitações seguem escassas nos próximos dias. “Temos chuvas nos próximos dias que mal somam 10 milímetros, mas a partir do dia 17 o acumulado pode ultrapassar os 200 milímetros”, completa o meteorologista.
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Fonte: canalrural






