Cuiabá

Professor revitaliza viaduto Despraiado com aulas de lambadão: ‘Dançar salvou minha vida’

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Para aprender os primeiros passos do lambadão, o cuiabano Vlademir Reis, de 41 anos, pedalava mais de 1h20 para chegar no bairro Nossa Senhora da Guia, em Várzea Grande. Quase duas décadas depois, o ritmo musical difundido pela Baixada Cuiabana é a força motriz da vida de Vlademir, que toda quarta-feira reúne entusiastas que aprendem os primeiros movimentos debaixo do viaduto do Despraiado, em Cuiabá. 
Além de professor, Vlademir também preside o Instituto Digoreste, responsável pelas aulas gratuitas oferecidas às quartas e quintas-feiras – sob o viaduto Despraiado e na sede da instituição, respectivamente.


Quem passa nos veículos que atravessam a avenida Miguel Sutil, uma das mais movimentadas da cidade, interage através de buzinas entusiasmadas e gritos efusivos. As aulas gratuitas debaixo do viaduto do Despraiado em frente ao Parque Mãe Bonifácia, começaram há três meses. No entanto, o projeto gratuito já acontece desde 2007. Depois de uma chuva, eles encontraram um novo espaço para treinar os passos de lambadão.
“Estávamos ensaiando na Orla do Porto, mas lá é aberto e sem cobertura, um dia começou a chover e resolvemos vir para cá. Aqui é bom, o espaço é coberto e iluminado. Quando mudamos para cá começaram a vir mais pessoas do que lá na Orla do Porto. Já tiveram muitos que vieram fazer aula porque passaram e viram, encostam no posto ou na farmácia e chegam mais perto para fazer”.
Ele explica que as aulas não possuem um conteúdo pragmático e transitam entre o básico e o avançado. “Muitos começam a vir, alguns querem aprender só o básico e outros continuam. Toda aula eu passo movimentos básicos também. Muitos dos que aparecem não sabem nada de lambadão.
Os alunos chegam de diversas regiões da Baixada Cuiabana, como Santo Antônio do Leverger, Várzea Grande, Três Barras e CPA. “Aqui encontramos muitas pessoas de vários lugares”, conta Vlademir.
Enquanto alguns pares já desenham círculos no ar com os quadris seguindo o compasso quente do lambadão, ele relembra o tempo em que deu os primeiros passos na dança que também sinônimo de “renascimento” para ele.
“Quando aprendi a dançar lambadão comecei a competir e fiz isso até 2006. Tive um período em que mergulhei nas drogas, fui ao fundo do poço e depois o nosso saudoso professor Jaime, do grupo Reboledance, me encontrou e me convidou para dar aula no grupo dele. Falou muita coisa para mim, me orientou a sair daquela vida e muito foi através da dança”.
Ele conta que o fim das competições de lambadão levou também o “sentido” de dançar. “Depois encontrei como Jaime, ele me falou que eu era bom e que me levaria para dar aula no grupo dele e me colocaria para dançar em palco, porque eu poderia colocar em prática tudo que aprendi nas competições. Dali em diante comecei a desenvolver isso e estou até hoje. Parei de usar droga com 25 anos. O lambadão me salvou, depois disso me apeguei mais ainda”.
Depois de deixar as competições, Vlademir também criou o grupo Lambadeiros de Elite, e montou três espetáculo apresentados em vários lugares de Mato Grosso. Neste ano, eles visitaram Campo Grande (MS). “Fomos muito bem recebidos, o público gostou bastante, Graças a Deus”, comemora.

 

Fonte: Olhar Direto

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