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Cenário Político

50 anos após assassinato, Herzog é homenageado em cerimônia inter-religiosa na Catedral da Sé

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A Catedral da Sé, no centro de São Paulo, ficou lotada neste sábado (25) durante o ato ecumênico que marcou os 50 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, morto pela ditadura militar em 1975. A iniciativa foi organizada pela Comissão Arns e pelo Instituto Vladimir Herzog, relembrando a histórica cerimônia realizada no mesmo local dias após sua morte, quando milhares desafiaram o regime.

Durante o evento, Ivo Herzog, filho do jornalista, destacou a necessidade de responsabilização pelos crimes cometidos na ditadura. Ele afirmou que familiares seguem esperando pela condução de um processo legal que inclua investigação, indiciamento e julgamento dos envolvidos, vivos ou mortos.

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Ivo cobrou ainda que o Supremo Tribunal Federal retome a discussão sobre a Lei de Anistia de 1979, citando que a ação que trata do tema, a ADPF 320, está sob relatoria do ministro Dias Toffoli há mais de oito anos. Para ele, a demora reforça a “cultura de impunidade” no país.

O Instituto Vladimir Herzog, que atua no processo como amicus curiae, defende que a atual interpretação da anistia protege crimes de lesa-humanidade e contraria tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário.

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No ato, Ivo também criticou tentativas de reconfigurar o conceito de anistia. Segundo ele, setores extremistas repetem a lógica do regime autoritário ao negar crimes cometidos.

O presidente em exercício Geraldo Alckmin esteve presente na cerimônia e afirmou que a morte de Herzog foi resultado do extremismo de Estado, defendendo o fortalecimento contínuo da democracia, justiça e liberdade. Para Ivo, a presença do governo simboliza um Estado que hoje se posiciona ao lado da sociedade na defesa dos direitos humanos.

O caso Herzog

Vladimir Herzog foi preso sem ordem judicial e levado ao Doi-Codi, unidade de repressão do Exército. Diretor de Jornalismo da TV Cultura à época, ele se apresentou voluntariamente antes de ser torturado e morto. O regime tentou forjar um suicídio, mas familiares e colegas denunciaram o crime político.

Sérgio Gomes, jornalista detido no mesmo local no dia da morte, relatou o cenário de violência e a movimentação dos agentes para retirar o corpo e simular a versão oficial.

Desde então, Clarice Herzog, esposa do jornalista, assumiu protagonismo na luta por verdade e justiça.

Assim como em 1975, a celebração deste sábado uniu representantes de diversas religiões e setores da sociedade. Jornalistas marcharam até a Sé, resgatando a mobilização que, décadas atrás, rompeu o silêncio imposto pela ditadura.

Entre os presentes estavam nomes históricos da defesa dos direitos humanos e da democracia, que foram aplaudidos de pé. Discursos, músicas e vídeos com registros de repressões marcaram a homenagem às vítimas do Estado, do passado ao presente.

Fonte: cenariomt

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