Conforme a reportagem, o estudo analisou o desempenho das exportações brasileiras para os EUA em setembro de 2025, comparando com o mesmo mês de 2024, a partir de dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Em termos proporcionais, Mato Grosso registrou a maior redução, de 81%, seguido por Tocantins (74,3%), Alagoas (71,3%), Piauí (68,6%), Rio Grande do Norte (65%) e Pernambuco (64,8%).
Em valores absolutos, Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo tiveram as maiores perdas. Minas Gerais liderou com queda de US$ 236 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão) em exportações para os EUA em um ano, seguida por Santa Catarina (US$ 95,9 milhões) e São Paulo (US$ 94 milhões).
Os pesquisadores apontam que a redução mais acentuada em Mato Grosso está relacionada à concentração da pauta exportadora, com destaque para carne bovina, produtos de origem animal e madeira – segmentos diretamente afetados pelas novas tarifas.
Nos estados nordestinos, as perdas também foram influenciadas pela composição das exportações, que incluem frutas, peixes e mel, produtos não isentos da sobretaxa.
Segundo o pesquisador do FGV Ibre Flávio Ataliba, o estudo evidencia a necessidade de diversificar produtos e mercados de destino para reduzir a vulnerabilidade de economias estaduais a medidas unilaterais de parceiros comerciais.
“Talvez o impacto do tarifaço tenha sido um pouco menor do que o imaginado, principalmente porque foi compensado, em parte, por produtos que já estavam isentos e tiveram aumento em suas exportações em alguns estados. Isso é positivo, pois ajuda a atenuar os efeitos sobre os itens tarifados”, afirmou.
O levantamento também mostra que, em alguns estados, produtos isentos da sobretaxa ajudaram a conter as perdas. Em São Paulo, por exemplo, as exportações de aviões, suco de laranja e óleos leves cresceram mais de 14% em um ano. Fenômeno semelhante foi observado na Bahia, com aumento das vendas externas de produtos industriais e agrícolas fora da lista de taxação.
De acordo com a FGV, o cenário reforça a importância de fortalecer a internacionalização das economias regionais, com foco na diversificação de produtos e mercados para mitigar impactos de medidas protecionistas.
Fonte: Olhar Direto