No primeiro semestre deste ano, 174 mulheres foram diagnosticadas com câncer de mama. Deste número, apenas 26 delas fizeram a reconstrução do seio, uma cirurgia plástica que repara e recupera a autoestima das pacientes. O que muita gente não sabe é que esse procedimento é um direito garantido por lei.
Rosângela Silva descobriu o câncer em abril deste ano. Durante seu autoexame, ela percebeu um caroço e logo buscou fazer um check-up.
“Eu fui fazer os exames e descobri que o nódulo era muito tumor cancerígeno. A notícia de ter que retirar a mama para a mulher é bem complexa, porque o cabelo cai, mas você sabe que vai nascer, a sobrancelha tem como disfarçar, mas e a mama? Ela não vai crescer de novo, então saber que precisa fazer a cirurgia dá uma preocupação”, contou a assistente administrativa.
A assistente social, Magna Cristina de Abreu, passou por uma situação parecida. Em 2021, ela, que fazia o acompanhamento de quatro nódulos, viu um quinto receber um diagnóstico diferente.
“Depois desse quinto nódulo, o médico sugeriu que por conta de outros problemas de saúde, eu aguardasse seis meses e retornasse com um novo exame de ultrassom das mamas. E quando eu retornei seis meses depois, tinham mais de 16 iguais àquele um”, explicou.
Com o câncer de mama, muitas mulheres apresentam dúvidas sobre a gravidade da doença, e depois da fase inicial, elas querem saber se ainda vão ficar com a mama.
“A primeira pergunta que vem à cabeça de qualquer pessoa que tem diagnóstico de câncer é se ela vai sobreviver. Passou essa fase, a pergunta é sempre se vai cair o cabelo, e a terceira se vai ficar sem a mama, se vai precisar retirar toda a mama. A retirada parcial ou completa é muito difícil, porque a sexualidade da mulher está representada pela mama, então perder isso mexe muito com a autoestima e com a sexualidade”, explicou o mastologista, Luciano Florisbelo.
O médico explica que cada caso é analisado, que o tamanho da área retirada depende do tamanho do tumor e da mama. Apesar da mutilação ser impactante, aquelas que quiserem, podem fazer a reconstrução da mama.
“Existem várias técnicas, vários tipos de reconstrução. A gente pode usar o próprio tecido da mulher, que pode tirar aquela barriguinha, jogar para cima e mesmo, além de reconstruir a mama, você faz uma abdominoplastia também, mas a reconstrução com próteses é o que a gente mais utiliza. Então, cada caso é um caso”, explicou o médico.
A reconstrução da mama, pelo SUS, pra mulheres que fizeram o tratamento do câncer, é um direito garantido por lei federal. No Hospital de Câncer de Mato Grosso, das 174 mulheres diagnosticadas no primeiro semestre desse ano, 26 fizeram a reconstrução.
A diretora administrativa do Hcan, Renata Oliveira, explica que todas as mulheres diagnosticadas que precisam de reconstrução mamária podem solicitar pelo SUS, que cobra o valor de R$ 570 para o implante.
“Existe uma lei desde 2013, que garante a reposição mamária. A prótese hoje custa em torno de R$ 4.800, mas o SUS cobra R$ 570 para a paciente realizar a cirurgia”, conta.
Rosângela, que vai conseguir realizar a cirurgia para reconstruir a mama, conta a felicidade dessa conquista.
“Eu já me imagino. Essa outra fase que está vindo, quando eu comecei o tratamento, eu já imaginava terminar essa químio, graças a Deus, eu terminei a químio e agora eu parto para a próxima etapa. Com muita fé em Deus, que também vai dar tudo certo”, finalizou.
Fonte: primeirapagina