Agências e Israel confirmam fim da guerra: começou o cessar-fogo na Faixa de Gaza

As agências de notícias DW, da Alemanha, e AFP (Agência France Press) confirmam o fim da guerra e dizem que o cessar-fogo na Faixa de Gaza começou hoje, com o recuo das tropas israelenses. O acordo entrou em vigor às 6h da manhã pelo horário de Brasília.
“O acordo de cessar-fogo entrou em vigor às 12h (hora local)”, confirmaram as Forças de Defesa de Israel (FDI) à DW.
Agora tem início a primeira fase do plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a paz no território palestino.
Libertação dos reféns
Com isso, começa a correr a partir de hoje o prazo de 72 horas acordado para a libertação dos 48 reféns israelenses que continuam em poder do grupo islâmico palestino Hamas desde o início da guerra, há dois anos.
O prazo foi estipulado em acordo selado entre Israel e Hamas sob mediação de Egito, Qatar, Estados Unidos e Turquia.
Em troca, Israel deverá libertar 250 prisioneiros palestinos condenados à prisão perpétua e outros 1,7 mil presos após 7 de outubro de 2023.
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Palestino começam a voltar
Após a retirada das tropas israelenses para uma área dentro de Gaza delimitada como “linha amarela” pela Casa Branca, milhares de palestinos começaram a se deslocar para o norte, em direção à Cidade de Gaza.
Uma fila quase ininterrupta de pessoas caminhava ao longo da estrada Al-Rachid, eixo costeiro que margeia o Mediterrâneo. No meio da multidão, alguns veículos também avançavam lentamente na mesma direção, segundo a agência de notícias AFP.
As forças israelenses também abandonaram o posto de controle militar no Corredor Netzarim, ao sul da Cidade de Gaza. Neste primeiro recuo, Israel permanece em cerca de 53% do território de Gaza – antes do cessar-fogo, eram mais de 80%, informou a DW.
Tristeza na volta
Claro que todos comemoram o fim da guerra, mas os palestinos agora voltam sem ter onde morar.
“Ok, acabou – e agora? Não há um lar para o qual eu possa voltar”, disse Balqees, mãe de cinco filhos da Cidade de Gaza que está abrigada em Deir al-Balah, no centro de Gaza, à agência Reuters na manhã desta sexta.
“Eles destruíram tudo. Dezenas de milhares de pessoas estão mortas, a Faixa de Gaza está em ruínas e eles fizeram um cessar-fogo. Eu deveria estar feliz? Não, não estou.”
Mustafa Ibrahim, um ativista e defensor dos direitos humanos da Cidade de Gaza, que também se refugiou em Deir al-Balah, uma das poucas áreas do enclave que não foi invadida e arrasada pelas forças israelenses, disse que o povo está perdido.
“O riso desapareceu e as lágrimas secaram”, disse ele. “O povo de Gaza está perdido, como se fossem mortos-vivos, em busca de um futuro distante.”
Em nota, as Forças de Defesa de Israel confirmaram que a circulação do sul para o norte de Gaza está permitida tanto por Rashid quanto pela estrada Salah al-Din, mas advertiu que o norte do enclave – Beit Hanoun, Beit Lahia e Shujaiya – continua sendo perigoso devido à “concentração de tropas”, assim como a entrada no Mar Mediterrâneo.
Como começou a guerra
A guerra em Gaza foi desencadeada em 7 de outubro de 2023 por um ataque terrorista do Hamas a Israel, com o sequestro de 251 reféns e um saldo de cerca de 1,2 mil mortos.
O grupo palestino é considerado uma organização terrorista por Estados Unidos e União Europeia.
Em retaliação, Israel revidou com uma ofensiva militar que provocou a morte de mais de 67 mil palestinos, deixou mais de 160 mil feridos e reduziu boa parte do território a ruínas.
Só agora, dois anos depois, as forças de paz conseguiram garantir o cessar-fogo. Torcer para que continue assim.
Fonte: sonoticiaboa