Pinguim doa sangue e salva coleguinha com anemia no Brasil

Um gesto de solidariedade animal emocionou a equipe do Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram), em Vila Velha (ES). Um pinguim-de-magalhães debilitado recebeu uma transfusão de sangue e teve a vida salva graças à doação feita por outro pinguim em recuperação.
O animal havia encalhado no litoral capixaba no início da semana, chegando ao centro de reabilitação magro, apático e com anemia severa. Sem a transfusão, não resistiria. Felizmente, um colega que já estava mais forte pôde doar sangue e se tornou verdadeiro herói da vida selvagem.
O momento foi registrado em vídeo e compartilhado pelo instituto, que aproveitou a cena emocionante para inspirar pessoas a também se tornarem doadoras de sangue: “Salve uma vida com esse pequeno gesto”, escreveu a equipe nas redes sociais.
Como foi o procedimento
De acordo com o supervisor veterinário Leandro Eggert e a bióloga Ana Julia Aquino, a transfusão foi realizada com cerca de 15 ml de sangue. O paciente recebeu os cuidados em uma almofada especial, ligado a uma bomba de infusão que controlava lentamente a aplicação.
O processo durou pouco mais de uma hora e só foi possível porque o doador estava saudável, em fase avançada de reabilitação. Antes, a equipe realizou testes de compatibilidade para garantir a segurança do procedimento.
Segundo os especialistas, transfusões em pinguins são raras, feitas apenas algumas vezes por ano. Ainda há pouco conhecimento científico sobre esse tipo de tratamento em animais silvestres, mas os resultados têm sido muito positivos.
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Pinguins em reabilitação
Atualmente, o Ipram cuida de 13 pinguins-de-magalhães resgatados após encalhar no litoral do Espírito Santo. No início da temporada, muitos chegam extremamente debilitados, com baixo peso, anemia e hipoglicemia.
Com o tempo, alguns se recuperam mais rápido e acabam ajudando outros colegas que chegam em condições críticas. Esses pinguins já mais fortes ficam tomando sol, nadando em piscina e se preparando para a soltura em mar aberto.
De acordo com o diretor-presidente do instituto, Luis Felipe Mayorga, esse trabalho em grupo aumenta as chances de sobrevivência, já que os pinguins são animais sociáveis e sofrem quando ficam isolados.
“A gente fez um teste de compatibilidade do sangue do pinguim doador com o pinguim receptor, para ver se haveria aglutinação de uma reação imunológica na placa. Na ausência dessa reação, a gente viu que era possível fazer a transfusão, e aí essa transfusão foi feita usando um equipamento especializado também para fazer a dosagem gradual, que é chamado bomba de infusão”, disse.
disse ao G1.
Caminho de volta ao mar
Nesta temporada, entre julho e setembro, 183 pinguins encalharam nas praias capixabas, mas apenas 42 estavam vivos. Depois do resgate, eles passam de dois a três meses em tratamento até estarem prontos para voltar ao habitat natural.
A soltura só acontece em grupos de pelo menos dez animais, o que garante maior proteção e sobrevivência. A previsão é que os pinguins já em fase avançada de reabilitação sejam devolvidos ao mar ainda em setembro.
Enquanto isso, o pequeno pinguim que recebeu a transfusão seguirá sob cuidados, ao lado de outros companheiros, até estar forte o suficiente para retomar sua jornada no oceano.
Fonte: sonoticiaboa