Em entrevista ao , a mãe da jovem, Jane Keller, contou sobre o diagnóstico, o tratamento e os últimos dias da filha. A mãe relembrou que a filha se formou em medicina em fevereiro de 2024, pouco antes do diagnóstico.
“Ela já começou a sentir dor, já fazia um tempinho. Mas ela era uma pessoa que sempre era muito tensa aqui nessa região do pescoço. Ela fazia exames e nenhum exame dava o que ela tinha. Falava que era uma tendinite. Até sugeriram que era uma encapsulite. Depois, por não aguentar mais a dor, ela pediu um diagnóstico certo. O principal sintoma dela foi a dor”, relatou.
As primeiras biópsias não foram conclusivas. Apenas após a cirurgia para retirada do tumor, em dezembro de 2024, foi possível confirmar o tipo da doença.
“A quimio matou apenas 10% do tumor. Quando foi retirado no dia 26 de dezembro, foi mandado para biópsia e aí realmente constataram qual tipo que era, e que era muito raro, mais raro do que eles achavam que era. Ela não respondia a nenhum tipo de tratamento. Mas ela não acreditava que aquilo ia vencer ela. Só que chegou uma hora que não teve mais jeito”, contou Jane.
Natural de Sorriso (MT), nos últimos dias, Patricia estava em Cuiabá para novas sessões de radioterapia, quando apresentou dificuldades respiratórias. “No domingo de manhã, ela disse: ‘mãe, tô muito mal’. Tentaram a máscara de CEPAP, que é o último passo antes da intubação. Foi triste ver ela assim. Ela me chamou pra se despedir. Falou que me amava, que amava a família dela, pediu se eu perdoava ela, mas que não aguentava mais. Ela tava sofrendo, sentia muita dor. Esse câncer é terrível, muito difícil”, relatou, emocionada.
Mesmo em meio ao tratamento, Patricia mantinha planos e sonhos. Apaixonada por assistir doramas com a mãe, que se mudou para Cuiabá quando a filha recebeu o diagnóstico de câncer, dizia à mãe que queria viajar para a Coreia quando estivesse curada.
“Ela falava: ‘mãe, nossa próxima viagem, quando eu tiver boa, vai ser pra Coreia’. Era apaixonada por skincare, ela tava sempre se arrumando, fazia maquiagem”, recorda Jane.
A fé também acompanhou a jovem durante todo o processo. “Em nenhum momento ela perdia a fé que ia se curar. Ela fazia a novena do Frei Gilson todos os dias. Mesmo com dor, ela queria estudar, queria continuar o cursinho que começou depois de se formar em medicina, mas eu falava pra ela cuidar dela mesma. Ela não perdia a fé que ia ficar curada”, disse a mãe.
Jane destacou ainda a personalidade da filha, sempre cercada de amigos. “Ela era uma filha muito amada. Era fácil de fazer amiga, tinha amigo em todo lugar. Ela tinha uma luz espetacular. Minha filha, não é porque é minha filha não, mas todo mundo fala isso dela”, completou.
No fim de 2024, Patricia chegou a escrever uma reflexão sobre o ano difícil, mas também sobre suas conquistas, entre elas a formatura e a obtenção do CRM. Na mensagem, destacou que escolheu viver a vida com intensidade, apesar das limitações impostas pela doença.
“Eu sei que é difícil manter um sorriso no rosto após tanto sofrimento, mas será que vale a pena eu entregar a minha vida para uma doença?! Vale a pena eu desistir de lutar e de viver a minha vida por algo ruim que aconteceu cmg? E a respostas que eu encontrei é: NÃO! Não vale a pena desistir e continuar apenas vivo. Quando eu comecei as quimioterapias eu olhei para meu pai e minha mãe e eu fiz uma promessa, de que essa doença não iria me incapacitar de viver, por mais que eu tivesse algumas limitações. Então eu ergui a cabeça, entreguei minha vida a Deus e vivi meu 2024 do jeito mais leve e feliz possível! Aproveitei cada minuto com as pessoas que amo e gosto”, escreveu a jovem.
“Viajei quando consegui e saia para aniversários e restaurantes quando meus médicos permitiam! Gostaria de ter feito muito mais coisa? SIM, mas eu fiz tudo o que eu pude, dentro da minha segurança e cuidando sempre da minha saúde. Apesar de eu ter escolhido apenas fotos minhas, quero fazer alguns agradecimento”, diz parte da publicação.
Fonte: Olhar Direto
