No início do seu discurso, a parlamentar descreveu a existência de um verdadeiro “livro de histórias tristes para contar”, enfatizando que o objeto da violência política tem como principal objetivo a humilhação.
“Não achem vocês que o intuito aqui é de alguma forma macular a imagem, ele é mais do que isso: é de humilhar, de fazer com que aquela mulher rasteje, se envergonhe, sinta uma vergonha da sua família, dos seus filhos, daqueles que estão ao seu redor”, declarou.
A deputada definiu a violência política de gênero como uma das formas mais agressivas de violência contra a mulher, por atacar diretamente sua competência e intelecto. “Ela [violência política] combate a nossa capacidade, ela questiona a nossa capacidade, nossa habilidade, nosso intelecto”, explicou, fazendo um contraponto à violência física.
Em sua crítica, e emedebista ressaltou ainda para o abismo entre o que está previsto na lei e a realidade enfrentada pelas mulheres na política. “Na prática, nós ainda não encontramos respaldo para que nós mulheres sejamos preservadas, não sejamos difamadas. Então, muitas vezes na lei é muito bonito, mas na prática não funciona”, criticou a deputada.
Para ilustrar sua fala, ela listou insultos e ataques misóginos, citando até o caso da vice-prefeita de Cuiabá, Vânia Rosa. Vânia esteve envolvida em uma polêmica com o prefeito Abílio Brunini (PL), que “denunciou” ter encontrado uma maca no gabinete da vice-prefeita.
“Quantas vezes nós somos chamadas de prostitutas, vagabundas, desqualificadas, cachorras do cio, como foi chamada a nossa prefeita [caso de Pedra Petra que um vereadora chamou a prefeita e “cachora viciada”]. Somos tratadas como incapazes, como aconteceu com a Vânia, como se nós fôssemos loucas e nós só nos preocupássemos com a nossa aparência”.
Como solução, ela defendeu a ampliação das redes de enfrentamento e do trabalho das procuradorias municipais da mulher.
“Nós precisamos aumentar esse trabalho das redes de enfrentamento ao combate à violência doméstica. Esse sempre foi o sonho da desembargadora Maria Rotides, que é possível ser feito através das procuradorias municipais”, concluiu a deputada, fazendo um apelo por ações concretas para proteger as mulheres na política e garantir que possam exercer seus mandatos com dignidade e segurança”, finalizou.
Fonte: Olhar Direto