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oje em dia parece que a vida inteira virou número, né? Seguidores, curtidas, compartilhamentos, visualizações… tudo isso acaba pesando mais do que deveria. Só que essa lógica de medir valor por métricas pode mexer (e muito!) com a nossa .
No fim das contas, não é só sobre como a gente aparece para os outros, mas também sobre como a gente se enxerga. E é justamente por isso que precisamos falar desse assunto.
Neste artigo, a psicóloga explica por que é tão injusto com a gente mesma viver de olho nesses números e como podemos nos libertar dessa comparação.
Por que cuidar da sua saúde mental quando tudo é sobre números?
Quando a gente fala em saúde mental em tempos de métricas, estamos falando de como é viver em um mundo que mede o valor das pessoas em curtidas, seguidores e visualizações.
E não é só influenciador que sente essa pressão. Qualquer um pode acabar pensando que vale mais ou menos dependendo dos números que aparecem no perfil.
Mas de onde vem tudo isso? Lá nos anos 70, o economista norte-americano Herbert A. Simon já dizia que a atenção era um dos recursos mais raros. Hoje, nas redes, ela virou quase uma moeda.
Plataformas e criadores disputam o nosso tempo o tempo todo, e os conteúdos são feitos justamente para prender a gente nesse ciclo sem fim de consumo e comparação.
O problema é que essa corrida por atenção nunca acaba. A satisfação que vem de um número alto dura pouco e logo dá lugar à vontade de mais.
Essa comparação constante, mesmo que silenciosa, pode abalar a autoestima, o bem-estar e até a forma como cada pessoa enxerga a própria identidade no mundo digital.
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Por que a gente se compara tanto nas redes sociais?
Segundo o psicanalista Sigmund Freud, a gente quer evitar sofrimento e buscar prazer. Nas redes, isso se traduz em seguir conteúdos que mostram vidas perfeitas e soluções rápidas.
O problema é a diferença entre o que a gente quer – aquela vida perfeita que aparece nos feeds – e o que a gente realmente tem. Quando nos comparamos com imagens idealizadas de influenciadores, essa distância só aumenta, e o sofrimento também.
Tatiana fez um estudo com colegas de Psicologia, em que pesquisou 30 universitários para entender como os influenciadores digitais afetam a percepção de sucesso das pessoas. Mesmo quando mostrou a realidade por trás dos filtros, a satisfação com a própria vida não melhorava muito.
Isso mostra algo importante: ficar exposta todo dia a esses padrões altos cria uma espécie de “imunidade” que dificulta ver a vida real sem comparar. Mesmo vendo os erros e falhas por trás da imagem perfeita, a tendência de se comparar continua firme e forte.
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Efeitos psicológicos de se comparar nas redes
Os impactos são bem reais:
- Autoestima lá embaixo: a gente se sente menos bem-sucedida do que realmente é.
- Autocrítica exagerada: bate aquela insatisfação com o corpo, a vida social, relacionamentos e até finanças.
- Ciclo sem fim: curtidas e aprovação duram pouco, e a vontade de buscar mais nunca acaba.
- Sentimento de inadequação: parece que nunca é suficiente, porque o padrão que a gente compara é impossível de alcançar.
O sociólogo Zygmunt Bauman fala da nossa era como “modernidade líquida”: tudo muda rápido, nada dura – empregos, relacionamentos, padrões de sucesso.
Nesse cenário, a gente acaba buscando fora de si um ponto de apoio. É aí que entram as redes sociais: curtidas e seguidores viram uma espécie de validação externa, dando a sensação de pertencimento e valor.
O problema é que essa validação é instável e depende do olhar dos outros. Por isso, nunca é suficiente e a gente cai direto naquele ciclo de comparação e insatisfação que vimos no estudo.
Como se libertar do peso dos números?
Não existe uma solução mágica, mas dá para trabalhar isso aos poucos, com autoconhecimento:
- Terapia: buscar ajuda profissional ajuda a entender seus próprios valores e o que realmente importa pra você. A já dá uma boa ideia de como a terapia pode apoiar seu bem-estar.
- Consumo consciente de redes: siga conteúdos que acrescentam, que inspiram, em vez de desgastar.
- Autenticidade: valorize suas conquistas reais, e não só a imagem que você projeta.
- Reflexão crítica: questione os padrões idealizados e lembre-se: eles não mostram toda a realidade.
O valor da sua jornada não está em curtidas ou seguidores, mas na sua capacidade de se conectar com quem você é de verdade e construir algo que faça sentido para você.
No fim, os números são só parte do jogo. A verdadeira satisfação vem de olhar para dentro e reconhecer seu próprio valor, muito além das métricas.
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Fonte: capricho