Hollywood é um celeiro de histórias que permeiam o imaginário popular de maneiras tão criativas quanto sombrias. Além de tudo o que se vê em frente às câmeras, com a conhecida magia do cinema, há bastidores que nem sempre trazem narrativas encantadoras. A jovem atriz viveu uma tragédia singular que encerrou um caminho promissor na sétima arte e nos palcos da vida cedo demais.
Conhecida por seus papéis em produções como , Eye of Tiger e Dançando com o Perigo, a jovem começou a trabalhar em frente às telas aos 3 anos e teve a oportunidade de aparecer em mais de 50 comerciais e programas de TV, segundo o Los Angeles Times.
Ela também foi dubladora de dois grandes títulos animados, e – este segundo marcaria o último papel de sua carreira antes de sua vida ser interrompida de maneira violenta.
Uma tragédia anunciada

Island Pictures
Filha de József e Maria, imigrantes húngaros que fugiram da invasão soviética, Judith cresceu assistindo às brigas dos pais. O pai da garota era, supostamente, um alcoólatra abusivo. Descrito como uma pessoa instável e controladora, ele teria protagonizado episódios violentos com a garota antes do assassinato se concretizar.
O crescimento da atriz mirim foi cercado de extremos: enquanto de um lado encarava a fama ascendente, de outro via a raiva do seu pai crescer proporcionalmente ao sucesso conquistado. “Tenho medo de voltar para casa”, disse Judith a amigos da família meses antes de seu assassinato, segundo o Los Angeles Times. “Meu pai está péssimo. Meu pai está bêbado todos os dias, e eu sei que ele quer matar minha mãe.”
Maria, a mãe de Judith, chegou a tentar ajudar com as autoridades, mas não obteve êxito. Dois anos antes do crime, ela chegou a realizar uma denúncia contra o marido ao Departamento de Serviços Infantis do Condado de Los Angeles, mas a instituição encerrou o caso por não encontrar ferimentos visíveis nas vítimas. Com os holofotes direcionados à filha, ela decidiu não processar József, mas tomou a decisão de abandoná-lo.
“A mulher tinha começado, tinha conseguido um apartamento”, disse Sandra Palmer, detetive de Los Angeles que investigou os assassinatos, ao Los Angeles Times em 1988. “Mas ela não pegou a criança e se mudou para o apartamento. Podemos forçar essa mulher a fazer isso?”
As cortinas se fecharam cedo demais na vida de Judith Barsi

IMDb / MGM
Judith e Maria Barsi foram mortas em 27 de julho de 1988 pelas mãos de József, pai e marido. Ele atirou na mulher, no corredor da casa, e baleou a garota ainda na cama. Posteriormente, encharcou a casa e os corpos de gasolina, ateou fogo na residência e tirou a própria vida na garagem.
“Ouvi uma explosão e vi fumaça saindo da casa”, contou Eunice Daly, vizinha dos Barsi, ao Los Angeles Times . “Meu primeiro pensamento, ao correr para ligar para o 190, foi: ‘Ele fez isso. Ele as matou e ateou fogo na casa, exatamente como disse que faria.’”
O legado de Judith segue com 7 anos prolíficos de contribuições diversas ao audiovisual. Todos os Cães Merecem o Céu foi seu último trabalho, no qual ela dubla Anne-Marie, uma órfã que consegue ouvir e conversar com animais. Supostamente, a cena final da animação conta com uma homenagem à garota, já que o filme foi lançado postumamente.
“Ela fez muito sucesso, com todas as portas abertas para ela”, disse Bonnie Gold, porta-voz da agência de atuação de Judith, ao Los Angeles Times em 1988. “Não há como dizer o quão longe ela teria ido.”
Fonte: adorocinema