A Pesquisa Nascer no Brasil 2, conduzida pela Fiocruz, indica mudanças importantes no atendimento hospitalar ao parto. A prática da episiotomia caiu de 47% para 7% no Sistema Único de Saúde (SUS) em uma década, enquanto a manobra de Kristeller, considerada uma forma de violência obstétrica, reduziu de 36% para 9%. No sistema privado, apenas 2% das mulheres relataram ter sido submetidas a esse procedimento.
Outro dado positivo é que mais mulheres puderam se movimentar, se alimentar e adotar posições verticalizadas durante o trabalho de parto, facilitando o nascimento. Segundo a coordenadora da pesquisa, Maria do Carmo Leal, essas práticas refletem uma mudança cultural e política significativa na forma de assistência.
No entanto, a pesquisa aponta queda no acesso à analgesia: no SUS, a proporção caiu de 7% para 2% em todo o país, chegando a apenas 1% no Rio de Janeiro. Nos serviços privados, a redução foi de 42% para 33%. O estudo também mostra que o índice de cesarianas continua elevado: 48% no SUS e 81% no setor privado, números muito acima da recomendação da OMS, que sugere até 15%.
O cenário do pré-natal preocupa. Apesar de 98,5% das gestantes no Rio terem acompanhamento, apenas um terço apresentou registros completos de exames de glicemia e aferição de pressão. Menos de 34% receberam prescrição de ácido fólico e somente 31,6% foram vacinadas contra tétano e hepatite B. Entre as grávidas de alto risco, 75% nunca passaram por especialista e muitas relataram peregrinação em busca de atendimento adequado.
Para os pesquisadores, o avanço nas práticas de parto ainda contrasta com as fragilidades no acompanhamento pré-natal, revelando a necessidade de políticas mais efetivas para garantir segurança e saúde às gestantes em todo o país.
Fonte: cenariomt