A audiência foi solicitada por Maysa e realizada na última quarta-feira (20) na Câmara de Cuiabá. Durante o evento, a menor subiu na Tribuna e fez um relato de estupro que foi transmitido ao vivo no canal da Casa de Leis no YouTube. Após repercussão negativa, o vídeo original foi removido e substituído por uma versão sem a fala da adolescente.
Cattani, que já tem um histórico de embate com Maysa, afirmou que vai acionar a parlamentar no MP e na Câmara. No entanto, ele não especificou quais medidas serão adotadas, mas garantiu que “serão providências públicas”.
Como Casa legislativa nós temos que tomar providências. Faremos isso”, disse nesta quarta-feira (27) em entrevista na Assembleia. Questionado sobre o tipo de providências, ele se limitou a dizer que que “todas as coisas que acontecem nessa Casa [Assembleia] são públicas. Nós faremos através do gabinete, nos órgãos competentes, tanto na Câmara Municipal como no Ministério Público”, completou.
Cattani ainda acusou a vereadora de ter exposto a menor. “Eu tenho certeza que ela errou, até porque uma menor não pode ser exposta da maneira como foi”.
A deputada Janaína Riva (MDB) e o deputado Lúdio Cabral (PT) manifestaram apoio a Maya e defenderam a vereadora. Riva destacou que, apesar de um erro isolado, a vereadora tem se dedicado à defesa dos direitos das mulheres.
“Muito maior é o trabalho que ela tem feito de proteção para as mulheres, muito maior é a contribuição que ela tem dado, não só para a Câmara Municipal de Cuiabá, mas para o Estado de Mato Grosso, na defesa de todas nós. Entendo que pode ter sido um erro, um erro pontual, que precisa ser corrigido para o futuro, para que não aconteça mais de ser utilizado menores”.
Ele afirmou que a vereadora não teve a intenção de prejudicar ninguém. “Pelo contrário”, diz que a intenção foi demonstrar que até mesmo crianças estão sendo “violentadas e agredidas e todos estão de braços cruzados”.
Lúdio, por sua vez, afirmou que não houve exposição e que a audiência é um espaço de escuta e que ninguém controla o que será dito, mesmo tendo sido uma jovem. Ele disse que Cattani tenta equiparar o caso de Maysa ao do prefeito Abilio Brunini (PL), que, segundo Lúdio, provocou a exposição indevida de estudantes “de forma nociva no ambiente escolar”.
“É diferente da exposição provocada, nociva, em ambiente escolar, ou seja, a busca da exposição que foi que o Abilio fez. A extrema-direita quer equiparar [os casos]para confundir a população e igualar situações que são absolutamente diferentes”.
“Você não pode responsabilizar a vereadora que propôs a audiência pública por praticar qualquer ato de exposição indevida, diferente do prefeito de Cuiabá, que depois de ter levado o L na testa inventou de ir atrás dos estudantes para ridicularizá-los e expor nas redes sociais”.
Maysa se manifestou na segunda-feira (26), afirmando que transformar esse episódio em ataque político é uma distorção dos fatos e, “mais grave, um desrespeito à dor de uma jovem que teve coragem de falar em um espaço democrático, protegido e acompanhado por profissionais”. E disse também não ter conhecimento prévio da idade da vítima, nem ter induzido seu depoimento.
No dia 10 de agosto de 2023, Cattani e Maysa participaram, como convidados, de um podcast. Três dias depois, o deputado publicou em seu Instagram trecho de 1 minuto e 5 segundos do programa. Na peça, os entrevistados discutem sobre castração de estupradores.
Contudo, o trecho publicado por Cattani sofreu edição. Maysa, à época, afirmou que o deputado deturpou sua fala, fazendo o ouvinte crer que ela havia saído em defesa dos estupradores. Ela ainda relatou que comentários nas postagens de Cattani ameaçam prática de estupro contra ela e alguns de seus familiares.
Fonte: Olhar Direto
