Uma nova rodada da pesquisa Quaest divulgada nesta segunda (25) mostra que quatro em cada 10 brasileiros consideram injusta a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decretada no começo do mês pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por um suposto descumprimento de medidas cautelares.
O levantamento aponta que 39% consideram a medida injusta, enquanto que 55% apoiam a decisão de Moraes e 6% não souberam ou preferiram não responder.
A Quaest ouviu 2.004 pessoas entre os dias 13 e 17 de agosto em 120 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.
O ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão domiciliar de Bolsonaro por supostamente descumprir medidas cautelares após participar de chamadas de vídeo nas manifestações de apoiadores no começo do mês. Para uma parte considerável dos entrevistados pela Quaest, isso sinalizou uma tentativa de provocação a Moraes:
- Bolsonaro provocou Moraes de propósito: 57%;
- Bolsonaro não compreendeu bem as medidas impostas: 30%;
- Não sabe/não respondeu: 13%.
O apoio à prisão domiciliar foi maior entre grupos específicos ouvidos pela Quaest, como eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno de 2022 (84%), pessoas que se identificam como de esquerda, mas não lulistas (93%) e moradores do Nordeste (65%). A aprovação também cresce entre quem tem renda familiar de até dois salários mínimos (62%), católicos (62%), mulheres (58%), jovens de 16 a 34 anos (59%) e pessoas com ensino fundamental completo (56%).
Por outro lado, consideram a prisão injusta sobretudo os apoiadores declarados de Bolsonaro (87%), eleitores que votaram nele no segundo turno de 2022 (83%) e os evangélicos (57%).
“O comportamento calcificado do eleitorado se revela aqui também. Cada um dos lados defende uma posição, mas é o centro que define a vantagem contra a tese de incompreensão do ex-presidente”, comentou o pesquisador Felipe Nunes, CEO da Quaest.
Suposto golpe
A Quaest também questionou os eleitores sobre a suposta liderança de Bolsonaro na alegada tentativa de golpe de Estado, em que 52% acreditam que ele esteve envolvido no plano (eram 49% em março). Outros 36% acreditam que ele não participou, contra 35% registrados anteriormente. Outros 10% não souberam responder, uma queda em relação aos 15% da última medição.
O levantamento também mostra que a atenção ao processo judicial contra Bolsonaro cresceu nos últimos meses. Hoje, 86% dizem saber que o ex-presidente será julgado pelo Supremo, em julgamento marcado para se iniciar no dia 2 de setembro. Esse percentual era de 73% em março.
Apenas 14% afirmaram ter tomado conhecimento da informação no momento da pesquisa, contra 27% na rodada anterior.
Fonte: gazetadopovo