Em um cenário alarmante, Mato Grosso se destaca como um dos estados com as maiores taxas de feminicídio do Brasil, um dado que pinta um quadro sombrio sobre a segurança das mulheres na região. Alexandre Mendes, ex- Comandante geral PMMT e coronel da Polícia Militar, trouxe o tema à tona nesta terça-feira (19) em um artigo, expondo a falha do poder público em ações urgentes.
Mendes aponta que, embora existam leis como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, elas se mostram insuficientes na prática. A falta de efetividade na proteção das mulheres que denunciam seus agressores é um problema persistente. Fatores como a cultura machista ainda arraigada, as grandes distâncias geográficas e, principalmente, a precária estrutura do Estado, contribuem para esse cenário preocupante.
“É doloroso e, ao mesmo tempo, vergonhoso ter que repetir semana após semana uma triste estatística: Mato Grosso está entre os líderes em feminicídios no Brasil.”
O ex-secretário ressalta a carência de recursos básicos: a escassez de policiais militares nas cidades, o número insuficiente de Delegacias da Mulher – com atendimento 24 horas disponível apenas na capital -, a ausência de políticas públicas contínuas e a falta de abrigos seguros para mulheres que precisam fugir da violência.
Como resultado, o medo se sobressai e muitas mulheres evitam procurar ajuda oficial, temendo que a resposta do Estado não seja suficiente para protegê-las.
“Uma tragédia que mancha a imagem do nosso Estado e expõe o fracasso do poder público em proteger as mulheres.”
Essa lacuna na proteção estatal chegou a um ponto tão crítico que, segundo Mendes, em alguns bairros as denúncias de violência já não chegam mais às autoridades, mas sim a organizações criminosas, que aplicam uma “justiça paralela” através dos “salves”. Isso, para ele, é a prova cabal de que a falha do Estado permite que o crime ocupe esse espaço.
“Isso é a prova concreta de que, quando o Estado falha, o crime ocupa o seu espaço.”
Ações para reverter o cenário
Em seu artigo, Alexandre Mendes não apenas diagnostica o problema, mas também sugere medidas concretas para combatê-lo. Ele defende a convocação imediata de todos os aprovados nos concursos da Polícia Militar e do Bombeiro Militar, com o objetivo de fortalecer as Patrulhas Maria da Penha e o policiamento preventivo.
Além disso, ele propõe a instalação de Delegacias da Mulher com funcionamento 24 horas em todas as cidades-polo e a criação de abrigos de proteção e casas de apoio. Para o ex-secretário, é essencial investir em educação para quebrar o ciclo do machismo que alimenta esses crimes.
“O Estado precisa instalar Delegacias da Mulher em funcionamento 24 horas nas cidades polo, precisamos criar e instalar abrigos de proteção e casas de apoio às Mulheres Vítimas de Violência Doméstica.”
Mendes finaliza o artigo com uma homenagem à memória de Jacira Grampola da Silva, vítima de feminicídio em Sorriso, Mato Grosso, no último domingo. Ele reforça a necessidade de que as Forças de Segurança se unam para localizar e capturar o responsável, reforçando que a vida de uma mulher ceifada não é apenas uma estatística, mas um crime contra toda a sociedade e a humanidade.
O artigo serve como um apelo para que o Estado assuma sua responsabilidade e coloque um fim na vergonha que mancha o nome de Mato Grosso.
“A cada feminicídio que se repete, não é apenas uma mulher que morre. Morre junto a nossa esperança de justiça.”
Fonte: unicanews