A palavra surgiu com o personagem Paparazzo, o fotógrafo inconveniente do filme A Doce Vida, de Federico Fellini. Interpretado por Walter Santesso, o Paparazzo original era inspirado nos fotógrafos hiperativos de Roma, que viviam atrás de escândalos envolvendo a alta sociedade italiana, como mosquitos que voam atrás de sangue.
Na Sicília, papataceo é uma gíria que significa “mosquito grande e irritante”. Fellini e seu co-roteirista Ennio Flaiano acharam que o nome “Paparazzo”, uma possível corruptela desta expressão, tinha tudo a ver com os fotógrafos que rondam as celebridades.
(Flaiano também aponta para outra possível origem para o nome do personagem: um livro de 1901 do escritor inglês George Gissing, que tinha um personagem chamado “Signor Paparazzo”.)
Nesse clássico do cinema italiano, lançado em 1960, o diretor critica a superficialidade da elite romana no pós-guerra. A “doce vida” só está no título, mesmo: o protagonista Marcello Rubini (interpretado pelo galã Marcello Mastroianni) é um jornalista de tabloide que procura felicidade e só encontra o vazio.
A Doce Vida ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes e é onipresente nas listas de melhores filmes de todos os tempos. Sua influência cultural é tão grande que, poucos anos depois, a expressão paparazzi (a letra “i” representa o plural masculino em italiano) já era de uso corrente fora da Itália.
A maior inspiração para o personagem de Paparazzo foi o fotógrafo Tazio Secchiaroli, que fundou a agência Roma Press Photo em 1955. Fellini pesquisou o mundo do jornalismo de tabloide ficando perto de Secchiaroli e pagando o jantar para ele e seus amigos, ouvindo as histórias dos paparazzi originais.
Mas a fotografia invasiva já existia há décadas quando a expressão foi cunhada: em 1898, dois fotógrafos conseguiram uma foto do chanceler Otto von Bismarck em seu leito de morte depois de subornar um dos responsáveis por cuidar do caixão do estadista alemão.
Fonte: abril