Uma recente pesquisa envolvendo 104 hospitais públicos e privados do Brasil revelou que 20% das unidades não ajustam corretamente a dosagem de antibióticos. O levantamento foi divulgado pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) como parte da campanha “Será que precisa? Evitando a resistência antimicrobiana por antibióticos e antifúngicos”.
Realizado pelo Instituto Qualisa de Gestão (IQG), o estudo destaca que 87,7% dos hospitais ainda prescrevem antibióticos de forma empírica, ou seja, por tentativa e erro, sem testes específicos. A prática contribui para a resistência bacteriana e aumenta o risco de infecções hospitalares.
Segundo Mara Machado, presidente do IQG, é urgente implementar políticas públicas robustas para reduzir o uso indiscriminado de antibióticos. Ela alertou que a resistência antimicrobiana pode impedir o controle eficaz de infecções, tornando tratamentos comuns menos eficazes.
O levantamento também evidenciou falhas ambientais, já que nenhum dos hospitais possui protocolos adequados de descarte ou análise de efluentes hospitalares, o que agrava o problema da resistência e da contaminação ambiental.
Estima-se que 48 mil brasileiros morram anualmente por infecções resistentes a antibióticos, e a projeção até 2050 ultrapassa 1,2 milhão de mortes. A OMS alerta que a resistência antimicrobiana poderá superar o câncer em número de óbitos, tornando infecções comuns cada vez mais difíceis de tratar.
A infectologista Ana Gales, coordenadora do Comitê de Resistência Antimicrobiana da SBI, reforça que o uso empírico sem evidências representa um risco significativo à saúde pública, principalmente em UTIs, e destaca a necessidade de comissões hospitalares mais eficazes.
Anis Ghattás, presidente da Associação de Hospitais e Serviços de Saúde de São Paulo (AHOSP), afirmou que os hospitais têm papel central na implementação de protocolos rigorosos e capacitação de equipes para o uso racional de antimicrobianos, promovendo uma resposta coordenada contra a resistência.
Fonte: cenariomt