Economia

Celso Amorim: Estados Unidos não estão interessados em negociar tarifas

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O embaixador Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais do presidente da República, declarou que os Estados Unidos não têm interesse em negociar divergências comerciais com o Brasil.

Durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Amorim afirmou: “Eles não têm o desejo de negociar”.

O embaixador destacou que a imposição de sobretaxas pelo governo dos EUA a mais de cem países coloca em risco o sistema multilateral de comércio, estabelecido após a Segunda Guerra Mundial por meio de acordos internacionais que definiram regras globais de comércio.

“Estamos enfrentando uma disputa comercial com os Estados Unidos – que, no caso do Brasil, tem características específicas. Mais importante, é que o que está em jogo é o sistema multilateral de comércio”, afirmou Amorim, ressaltando o momento de profundas mudanças na ordem internacional.

Amorim lembrou da importância histórica do Gatt e da Organização Mundial do Comércio (OMC) na criação de regras multilaterais e ressaltou que tarifas unilaterais de um país poderoso podem desorganizar o comércio global.

“Como cidadãos do mundo, temos a responsabilidade de defender o sistema multilateral de comércio”, reforçou o embaixador.

O assessor criticou a postura dos EUA em relação ao Brasil, considerando que fatores político-ideológicos influenciaram a imposição das tarifas. “Não podemos tratar o comércio internacional como a lei do mais forte”, afirmou.

Amorim explicou que o caso brasileiro é singular, pois a questão comercial foi misturada a aspectos políticos internos, citando a Ordem Executiva dos EUA de 30 de julho, que associa o aumento das tarifas a processos judiciais envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro no STF.

O embaixador também destacou a divulgação antecipada de uma carta de Donald Trump ao presidente Lula, considerada desrespeitosa e fora dos padrões diplomáticos, reforçando a disposição do Brasil para o diálogo.

“Nos meus mais de 60 anos de carreira diplomática, jamais vi uma carta como a enviada pelo presidente Trump. A divulgação simultânea com o envio e o conteúdo político interno tornam o episódio incomum”, explicou Amorim.

O assessor reiterou que o Brasil não busca rompimento com os EUA e mantém disposição para negociação. Uma conversa telefônica entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, foi marcada, mas cancelada por interferências externas.

Fonte: cenariomt

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