A Volkswagen Brasilia foi fabricada por quase 10 anos ininterruptos – entre 1973 e 1982 – tornando-se um sucesso de vendas com mais de um milhão de unidades produzidas. E, hoje, o modelo vem recebendo uma atenção especial dos potenciais colecionadores e apaixonados pelos “aircooleds” ultimamente.
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Prova disso é que há uma unidade da Volkswagen Brasilia 1974 sendo leiloada nos Estados Unidos pelo site Bring a Trailer. De acordo com o anúncio, o clássico foi adquirido por um brasileiro em 2022 e passou por uma reforma.
A pintura foi refeita, e o revestimento xadrez dos bancos e forros de portas não é original, mas buscou inspiração em outro ‘primo’ distante, o Golf GTI. Ainda no interior, um teto solar de lona ajuda a compor o estilo retrô dos anos 70 e 80. As rodas ‘Cruz de Malta’ ajudam a compor o estilo descolado do clássico.
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Já o velho e bom motor boxer de quatro cilindros refrigerado a ar e alimentado com a ajuda de um carburador (Solex 30) permanece original.
Quem for adquirir a Brasilia terá que fazer alguns upgrades, nada muito custoso. O painel, por exemplo, apresenta trincas, algo comum também na linha Passat e Variant II. Já as lanternas traseiras precisaram ser polidas, bem como os vidros e o para-choques cromados que apresentam alguns pontos de ferrugem.
BRASILEIROS CHAMAM ATENÇÃO
Imagem: Reprodução/Bring a Trailer
A Volkswagen Brasília que está sendo leiloada está longe de ser imaculada. No entanto, o fato de ser um autêntico representante dos motores boxer a ar já é motivo suficiente para atrair a clientela norte-americana.
O exemplar encontra-se hoje no estado do Colorado (EUA) e acompanha o veículo toda a documentação de importação e registro limpo da Dakota do Sul em nome do vendedor.
Até o fechamento desta matéria, o lance atual estava em US$ 3,5 mil, o equivalente a quase R$ 19 mil. Os lances serão encerrados em seis dias, até o dia 25 de agosto.
Segundo João Siciliano, da loja Siciliano Company, apesar do cenário atual imposto pelo governo norte-americano, ele enxerga com bons olhos um futuro para o mercado dos carros brasileiros nos EUA.
Imagem: Reprodução/ Bring a Trailer
“Aqui nos EUA, trabalhamos com diversos modelos, incluindo os brasileiros, e vejo que o norte-americano tem demonstrado grande interesse por estes veículos, em especial os aircooled”, comenta.
A empresa está há três anos nos EUA e, só falando dos nacionais, já passaram pelas mãos dele modelos como Brasília, Variant, Puma, Bianco, entre outros.
“Vendemos todos os 5 SP2 que estavam à venda, sendo que nenhum deles foi para brasileiros, dois ficaram nos EUA e três foram exportados para a Inglaterra!”, comenta o lojista.
VW BRASILIA, UMA CURTA HISTÓRIA DE SUCESSO
Imagem: Divulgação/Volkswagen
A história da Volkswagen Brasilia começou em 1973 com a missão de substituir por aqui o velho Fusca, o que não aconteceu. Mas isso não impediu de ocupar a segunda posição entre os carros mais vendidos do Brasil nos anos de 1974 a 1979.
Embora o besouro ainda fosse sucesso de vendas, a Brasilia reforçaria a briga contra os rivais, como o Chevrolet Chevette, que também havia acabado de ser lançado. Outro motivo de orgulho para ela é que, junto ao esportivo VW SP2, foi um dos primeiros veículos projetados fora da matriz alemã, ambos assinados pelo designer Márcio Piancastelli.
A Brasilia, apesar de ser menor em relação ao Fusca em 17 cm no comprimento, possuía o espaço interno muito melhor aproveitado. O truque para isso estava no motor 1600 de ventoinha vertical emprestado do VW 1600 4 portas e não o chamado “motor chato” que equipava a Variant e o TL. Com essa configuração, permitiu-se que os engenheiros pudessem posicionar o banco traseiro mais próximo do conjunto mecânico, ancorado na traseira.
As primeiras unidades da Brasilia vinham com o motor 1600 refrigerado a ar alimentado por um carburador (Solex 30) que fornecia a potência de 60 cv e torque de 12 kgfm a 3.000 rpm, transmitidos às rodas traseiras. Em companhia do câmbio de quatro marchas, isso representava um 0-100 km/h em longos 20,2 segundos e uma velocidade final de 130 km/h. O consumo também não era dos melhores. Fazia 8,9 km/l na cidade e 20,2 km/l na estrada.
A resposta só veio em 1976, quando passou a ser alimentado por dois carburadores (Solex 32), garantindo 65 cv brutos de potência. Na prática, ele ganhou em desempenho e, principalmente, na economia de combustível. No entanto, a versão com um só carburador ainda era ofertada até ser dizimada aos poucos por conta da baixa procura.
Em 1978, junto a algumas mudanças como emblema, novo capô, para-choques e lanternas traseiras, veio a configuração com quatro portas, cujo mercado ficou restrito aos taxistas. Fora isso, esta versão já havia sido exportada para a África do Sul e outros países vizinhos.
Em 1980, com a crise do petróleo dominando os holofotes, a Volkswagen seguiu os passos da Fiat com o pequeno 147 movido a álcool. O motor mantinha os quatro cilindros opostos a ar, mas era estrangulado em 1.300 cc, o que rendeu apenas 49 cv de potência.
Não fosse a decisão de tirá-la de circulação, os números poderiam ter sido melhores. A atitude, inclusive, gerou controvérsia, visto que o Fusca era um projeto mais antigo e, portanto, também cotado para ser descontinuado. O VW Gol foi uma das razões do encerramento da história da Brasilia em nosso mercado.
Imagem: Divulgação/Volkswagen
Fonte: autoo