Existem muitas séries, filmes e livros de ficção científica que contam histórias de como ficar dependente da tecnologia é uma desgraça para o futuro da raça humana. O tema é recorrente na série Black Mirror, da Netflix. Mais recente lançamento da Raw Fury, o indie Flat Eye conta uma história dessas, mas coloca o jogador em um ambiente inusitado.
Neste game, o jogador deve cuidar de uma loja de conveniência em um posto de gasolina futurista enquanto atende diversos clientes excêntricos, além de oferecer os mais diversos serviços. Mas será que a experiência se sustenta por muito tempo?
Bem vindo ao futuro (ou não)
O jogo começa com você sendo promovido para o cargo de gerente na maior empresa do mundo, Eye Life. Seu trabalho agora consiste em gerenciar uma loja de conveniência em um posto de gasolina futurista, e é sua obrigação garantir que os consumidores tenham a melhor experiência possível.
Para isso, você deve controlar o único atendente disponível na loja e auxiliar em diversos objetivos. Conforme os dias vão passando, você ganha a habilidade de colocar novos equipamentos espalhados na loja, que garantem a visita de mais e mais compradores, incluindo clientes VIP.
Os clientes VIP são os personagens principais da trama de Flat Eye. São vários personagens com características e gostos distintos, e cada um oferece conversas filosóficas sobre o futuro da humanidade, o fim do mundo através da tecnologia e muito mais. Para garantir a visita destes clientes VIP, devemos criar e oferecer serviços únicos na nossa loja, como por exemplo uma máquina que realiza cirurgias precisas em questão de minutos.
Conforme jogava, eu percebi um ciclo vicioso de repetição em sua jogabilidade. Apesar da narrativa ser muito boa, todo o sistema de gerenciamento do posto de gasolina se torna chato e repetitivo após a metade do jogo. Por mais que o jogo ofereça mais e mais tecnologias para colocar dentro da loja, cada ciclo (ou dia dentro do jogo) se resumia em realizar as mesmas tarefas até que um novo cliente VIP aparecesse.
A parte de gerenciamento do jogo é decepcionante. Apesar do jogo ter como foco o gerenciamento de uma loja, você não tem nada para fazer além da manutenção de ferramentas, conectar tecnologias e estocar prateleiras vazias. No jogo, você não precisa se preocupar em cuidar do seu dinheiro, comprar ou vender itens, ou até em manter os outros clientes “comuns” felizes. Não existe nenhum risco de game-over no jogo, fazendo com que a narrativa seja o único foco de Flat Eye.
Alguns problemas técnicos
Graficamente, o jogo não impressiona, mas o seu estilo artístico é estiloso o suficiente para ser agradável aos olhos. O design de cada personagem e das tecnologias mirabolantes disponíveis ajudam a estabelecer o mundo distópico do jogo, mas alguns problemas técnicos podem atrapalhar a experiência geral.
Eu sofri com quedas de frame, lentidão nos menus, e até um bug bizarro onde o diálogo do jogo ficou totalmente em francês. Falando em diálogo, é muito chato ver que um jogo ainda não oferece suporte para o português, principalmente quando o foco do jogo está na sua narrativa.
Considerações
Flat Eye tem um potencial desperdiçado como jogo, mas entrega uma ótima narrativa graças aos seus personagens e world-building. O gerenciamento da loja não é o foco, e apesar de isso ser decepcionante, não tira a importância da mensagem que a sua história tenta apresentar ao jogador. Se você gosta de histórias como Black Mirror, então eu tenho certeza que você vai amar Flat Eye.
Flat Eye está disponível para PC.
*Esta análise foi feita com uma cópia do game gentilmente cedida pela Raw Fury.
Fonte: terra.com.br/gameon