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Vapes: A nova tendência do tabagismo entre jovens preocupa especialistas

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Eles cresceram ouvindo que fumar faz mal, mas estão acendendo um novo tipo de cigarro. A promessa de uma alternativa “mais segura” tem atraído adolescentes para os cigarros eletrônicos, os populares “vapes”. Só que, ao invés de afastá-los do tabaco, o efeito pode ser o oposto. Segundo um estudo publicado na revista Tobacco Control, jovens que usam vape têm até 30 vezes mais chance de se tornarem fumantes regulares de cigarro convencional.

A pesquisa foi conduzida com base em três grandes estudos longitudinais realizados no Reino Unido e envolveu instituições renomadas como a Universidade de Michigan, a Universidade da Pensilvânia e a Purdue University, com apoio do Instituto Nacional do Câncer dos EUA e financiamento do Conselho de Pesquisa Econômica e Social britânico.

O salto de risco é alarmante

O dado mais preocupante vem da comparação entre os adolescentes que nunca experimentaram vape e os que fazem uso frequente do dispositivo. Entre os primeiros, menos de 2% desenvolveram o hábito de fumar cigarro convencional. Já entre os usuários habituais de vape, esse número salta para cerca de 33%.

“Para quem nunca usou vape, observamos uma queda histórica no risco de fumar”, explica Jessica Mongilio, uma das autoras do estudo e pesquisadora da Escola de Enfermagem da Universidade de Michigan. “Mas, entre os usuários, é como se as últimas cinco décadas de políticas públicas simplesmente não tivessem existido.”

Vício repaginado

Os dados sugerem que o vape está promovendo uma espécie de “renormalização” do ato de fumar entre os jovens. Com embalagens chamativas, sabores adocicados e forte presença nas redes sociais, os cigarros eletrônicos vêm sendo encarados por adolescentes como uma opção “inofensiva” uma percepção equivocada, segundo os especialistas.

Apesar de não conter alcatrão, os vapes entregam nicotina, substância altamente viciante, e podem funcionar como uma porta de entrada para o consumo de cigarro convencional. Já que esses produtos criam uma ponte entre o adolescente e o vício, muitas vezes antes mesmo do primeiro cigarro de verdade.

Comparando gerações: os anos 1970 voltaram?

O estudo comparou o comportamento de adolescentes nascidos em 2000 com jovens das décadas de 1970 e 1950, usando dados de três coortes diferentes:

  • Coorte do Milênio (2000-2001): expostos ao vape desde a infância.
  • Coorte Britânica de 1970: adolescência em um período de alta aceitação social do cigarro.
  • Desenvolvimento Infantil de 1958: geração que cresceu no auge do cigarro tradicional.

O resultado é que, apesar de viverem em um contexto de maior regulação, os adolescentes atuais que usam vape estão tão propensos a se tornarem fumantes quanto os jovens dos anos 1970.

O que vem pela frente

Os pesquisadores alertam que, embora a relação entre vape e cigarro tradicional ainda não configure uma causalidade direta, os dados mostram uma associação estatística consistente. O grupo continuará acompanhando os jovens da Coorte do Milênio para entender os impactos de longo prazo do uso de cigarros eletrônicos.

“Ainda estamos mapeando os efeitos completos do vape na saúde pública”, explica Mongilio. “Mas o que já sabemos é suficiente para ligar o sinal de alerta.”

E no Brasil?

Apesar de proibidos pela Anvisa desde 2009, os vapes continuam sendo vendidos e utilizados com facilidade em território nacional. O estudo reforça a urgência de reforçar a fiscalização e atualizar a legislação, especialmente com foco na proteção de crianças e adolescentes.

Segundo os pesquisadores, o momento é crítico para a regulamentação global. “Estamos diante de um ponto de inflexão. Ou agimos agora, ou veremos décadas de avanços contra o tabagismo serem perdidas”, conclui Mongilio.

Fonte: primeirapagina

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