SAÚDE

Bebê nasce a partir de embrião congelado em 1994: história impressionante

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No dia 26 de julho, nasceu nos Estados Unidos um bebê saudável chamado Thaddeus Daniel Pierce. A chegada de um recém-nascido ao mundo, por si só, não costuma ser notícia. Mas, nesse caso, é. 

Thaddeus não é um bebê comum: ele é considerado o “bebê mais velho do mundo” – ou, ao menos, o que foi gerado a partir do embrião mais antigo já registrado a resultar em nascimento com sucesso.

Criado e congelado em maio de 1994, ele permaneceu em criopreservação por 30 anos e meio, até ser adotado por Lindsey e Tim Pierce, um casal de Ohio que tentava ter filhos havia sete anos.

“Tivemos um parto difícil, mas agora estamos bem”, contou Lindsey à revista MIT Technology Review, que publicou o caso com exclusividade. “Ele é super tranquilo. Estamos maravilhados por termos esse bebê precioso!”

O nascimento de Thaddeus bate o recorde anterior, registrado em 2022, quando Rachel e Philip Ridgeway tiveram gêmeos a partir de embriões criados mais de 30 anos antes. Coincidentemente, os dois partos aconteceram na mesma clínica de fertilidade, em Knoxville, Tennessee.

A origem dessa história remonta aos anos 1990, quando Linda Archerd tentava, sem sucesso, engravidar. Depois de seis anos de tentativas, ela e o então marido decidiram recorrer à fertilização in vitro (FIV), técnica em que os óvulos são fecundados em laboratório e, depois, transferidos para o útero. Na época, o método ainda despertava desconfiança.

“As pessoas não conheciam muito”, lembrou Archerd em entrevista à revista americana. “Muita gente perguntava: o que vocês estão fazendo?”

O procedimento resultou em quatro embriões. Um deles foi transferido com sucesso e deu origem ao nascimento de uma menina saudável. Os outros três foram congelados e armazenados. Ela passou a chamá-los de suas “três pequenas esperanças”.

Na época, Linda pensava em usá-los futuramente. Mas o casamento terminou e, embora tenha obtido a custódia deles, não chegou a utilizá-los. Mesmo assim, seguiu pagando, ano após ano, para mantê-los armazenados – um custo que, segundo ela, chegou a mil dólares anuais. “Sempre achei que era o certo a fazer.”

Com o passar do tempo e a chegada da menopausa, Archerd se viu diante de uma decisão difícil. Descartá-los, doá-los para pesquisa ou para outra família? Ela rejeitou todas essas possibilidades, ao menos da forma convencional. Não queria abrir mão deles anonimamente. “É meu DNA; veio de mim… e [é] irmão da minha filha”, afirmou.

Foi assim que conheceu o conceito de “adoção de embriões” – um processo, geralmente intermediado por agências cristãs, no qual doadores e receptores se conhecem, compartilham crenças e tomam decisões em conjunto. 

Linda, que se identifica como cristã, se sentiu confortável com essa abordagem. Em 2022, seus embriões entraram no programa Snowflakes, da agência Nightlight Christian Adoptions.

O desafio de encontrar pais

Beth Button, diretora do Snowflakes, explicou à MIT Technology Review que o processo de “combinar” doadores e receptores é guiado pelas preferências da família doadora. 

No caso de Archerd, ela queria que eles fossem para um casal cristão, branco, casado e residente nos EUA. “Não queria que fossem para outro país”, disse. “E ser cristão era muito importante para mim, porque eu sou.”

Apesar do número crescente de interessados em adoção de embriões, poucos centros de fertilidade aceitam os que são antigos. 

“Mais de 90% das clínicas nos EUA não aceitariam”, relatou Button. Os de Linda foram direcionados para o programa Open Hearts, que lida com casos “difíceis de alocar”.

Foi esse o mesmo programa pelo qual Lindsey e Tim Pierce se inscreveram. Aos 35 e 34 anos, respectivamente, o casal já tinha passado por diversas tentativas de engravidar. Lindsey chegou a pesquisar sobre adoção de crianças quando descobriu o Snowflakes.

Na hora de definir seus critérios, o casal decidiu não limitar nada. “Marcamos tudo, qualquer coisa e tudo”, contou Tim. Foi assim que, sem saber, acabaram compatibilizados com os congelados em 1994. “Achamos surreal”, disse Lindsey. “Não sabíamos que congelavam embriões há tanto tempo.”

O material genético de Thaddeus foi transferido na clínica Rejoice Fertility, liderada pelo endocrinologista reprodutivo John Gordon. Localizada em Knoxville, no estado do Tennessee, o local foi fundado com o objetivo de combater o acúmulo de embriões congelados, propondo práticas de FIV que gerem menos excedentes.

“Temos certos princípios norteadores, e eles vêm da nossa fé”, disse Gordon, que é presbiteriano reformado, à MIT Technology Review.

Um desses princípios, segundo ele, é que “todo embrião merece uma chance de vida, e o único que não pode resultar em bebê saudável é o que não recebe a chance de ser transferido”.

A Rejoice aceita embriões de qualquer idade ou condição. Mas, como explicou Sarah Atkinson, embriologista-chefe da clínica, trabalhar com os que são antigos requer conhecimento técnico e até ferramentas específicas.

 “Assusta quem não sabe como fazer”, afirmou à revista. “Você não quer matar os embriões de alguém se não souber o que está fazendo.”

No caso dos Pierce, eles haviam sido congelados por meio de uma técnica antiga, chamada “congelamento lento”, que caiu em desuso a partir dos anos 2000. O método envolve a redução gradual de temperatura, o que pode formar cristais de gelo prejudiciais. Hoje, a técnica padrão é a vitrificação, que congela rapidamente em nitrogênio líquido.

Os três foram descongelados. Um deles parou de se desenvolver. Os outros dois foram transferidos para o útero de Lindsey em 14 de novembro. Um vingou.

Para que o procedimento fosse realizado, o casal precisou viajar cinco vezes até a clínica no Tennessee, a cerca de cinco horas de distância. Agora, com Thaddeus nos braços, Lindsey e Tim vivem o sonho há tanto esperado.

“Não entramos nisso pensando em quebrar recordes”, disse a mãe. “Só queríamos ter um bebê.”

Linda Archerd, por sua vez, está emocionada com o resultado. Ela ainda não encontrou o bebê pessoalmente, mas diz que vê semelhanças claras com sua filha. 

“A primeira coisa que notei, quando Lindsey me mandou as fotos, foi como ele se parece com minha filha quando era bebê”, relatou. “Peguei meu álbum de bebê e comparei lado a lado. Não há dúvida de que são irmãos.”

Para ela, encontrar Thaddeus seria “um sonho realizado”. “Queria que eles morassem mais perto… Ele é perfeito!”

Fonte: abril

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