No Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, o Festival Latinidades prestou homenagem à filósofa, antropóloga e ativista Lélia Gonzalez em Brasília. O auditório do Museu Nacional ficou lotado para celebrar a trajetória intelectual e política de uma das figuras mais influentes do movimento negro brasileiro.
A abertura contou com um recital da atriz e poeta Elisa Lucinda. Ao longo do evento, diversos discursos destacaram o papel de Lélia na criação de conceitos como amefricanidade e pretuguês, fundamentais para a valorização da identidade afro-brasileira. Lélia também foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU) e faleceu em 1994, aos 59 anos.
A mesa de debates contou com a presença da ministra de Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo, da professora Dulce Pereira, da Universidade Federal de Ouro Preto, e de Melina Lima, diretora do Instituto Memorial Lélia Gonzalez.
A ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, também participou da programação e ressaltou a influência de Lélia na vida de sua irmã, Marielle Franco, e na sua própria trajetória política. “Defender mulheres negras é o que me move, pelas que estão aqui e pelas que já se foram”, afirmou.
Macaé Evaristo destacou o impacto do pensamento afro-latino-americano de Lélia. “Ela mobilizou nossa inventividade e capacidade de revolução. É preciso manter seu legado vivo e combater o apagamento provocado pelo racismo.”
A atriz Elisa Lucinda apontou a coragem de Lélia ao enfrentar o academicismo racista. “Ela desvelou o escândalo intelectual que é o preconceito e propôs uma linguagem libertadora.”
Dulce Pereira lembrou a sofisticação da proposta teórica de Lélia com o conceito de amefricanidade e enfatizou o pretoguês como forma legítima de resistência linguística e política da população negra brasileira.
Melina de Lima, neta de Lélia, se emocionou com a homenagem e reforçou a atualidade da obra da avó. “Lélia vive. Seu pensamento segue inspirando e transformando.”
O Festival Latinidades reafirmou a centralidade de Lélia Gonzalez na luta antirracista e feminista, posicionando sua obra como referência indispensável para a transformação social no Brasil e na América Latina.
Fonte: cenariomt