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Google: mais do que um mecanismo de busca

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O Google, que por décadas foi sinônimo de mecanismo de busca, está passando por uma transformação profunda. Com a introdução do recurso AI Overviews em maio de 2024, o portal consolida sua evolução em uma plataforma de respostas instantâneas, tornando-se um destino final e não mais um ponto de partida na navegação pela web. O impacto dessa mudança já é sentido em toda a internet, afetando tráfego, receita e a forma como consumimos informações.

O fim da web como conhecíamos?

A jornada começou em 2018 com a chegada dos chamados snippets em destaque, que exibem trechos de páginas da web diretamente nos resultados do Google. Mas foi com o avanço da inteligência artificial generativa que a revolução se acelerou. Com a implementação do AI Overviews, o Google passou a entregar resumos gerados por IA, reduzindo drasticamente a necessidade de cliques nos links tradicionais.

Segundo estudo da Pew Research, 58% dos usuários do Google viram resumos do AI Overviews em março de 2025. Entre eles, apenas 1% clicou em links dentro do resumo, enquanto 8% optaram por visitar os links da busca tradicional. O dado revela que 91% dos usuários consomem o conteúdo fornecido pela IA sem verificar outras fontes, levantando preocupações sobre a confiabilidade da informação.

Queda no tráfego da web aberta

O aumento das chamadas pesquisas de clique zero — quando o usuário encontra a resposta sem acessar outro site — já impacta a audiência de portais e blogs. O Search Engine Journal relatou que entre maio de 2024 e maio de 2025, o Google perdeu 2% de visitas, enquanto outros buscadores sofreram quedas ainda maiores: Bing (-18%), Yahoo (-11%) e Baidu (-12%).

O Wall Street Journal alerta que até 40% do tráfego dos principais sites vêm de buscas no Google. A adoção da IA pelo próprio buscador, ironicamente, pode diminuir esse tráfego em até 40%, ameaçando a sustentabilidade de veículos jornalísticos e editoriais, que dependem dessa audiência para gerar receita com publicidade.

Riscos para o usuário

A principal crítica ao AI Overviews está na possibilidade de “alucinações” — quando a IA fornece dados incorretos como se fossem verdadeiros. E, como mostram os dados, poucos usuários verificam as informações apresentadas. Isso pode ser ainda mais problemático em temas sensíveis como política, saúde e conflitos geopolíticos, em que múltiplas fontes e visões são essenciais.

Além disso, a apresentação de uma única resposta por IA elimina a pluralidade de perspectivas, característica essencial das pesquisas tradicionais. Isso limita a escolha do usuário e pode criar uma experiência informacional enviesada, com base em critérios invisíveis e automatizados.

Impacto para o futuro da web

A substituição de links e fontes variadas por resumos únicos gera um efeito colateral grave: a possível perda de relevância da web aberta. Se os usuários não acessam mais os sites originais, a motivação para produzir conteúdo também diminui. Isso ameaça diretamente a qualidade e a diversidade da informação online.

A solução mais discutida é o estabelecimento de parcerias e compensações financeiras entre empresas de mídia e plataformas de IA. Algumas organizações já firmaram acordos com Google e OpenAI. Afinal, se sites deixarem de existir por falta de tráfego, os próprios modelos de IA terão dificuldade em se alimentar de conteúdo atualizado e confiável para treinar suas respostas.

O Google agora é, de fato, uma máquina de respostas. A questão é: o que acontece com o restante da internet quando as respostas deixam de nos levar a ela?

Fonte: cenariomt

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