O sistema de pagamentos instantâneos Pix está sob monitoramento das autoridades dos Estados Unidos desde 2022, conforme apontado em um relatório do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês). O documento classifica o modelo brasileiro como uma possível barreira comercial que pode afetar exportações, investimentos e o comércio eletrônico entre os países.
Na época, o USTR alertou para o papel duplo do Banco Central brasileiro, que atua como regulador e operador do Pix. Segundo o relatório anual da agência, isso poderia comprometer a equidade entre os participantes do mercado de pagamentos eletrônicos de varejo no Brasil.
O relatório de 2022 foi o único a citar nominalmente o Pix, ainda que edições posteriores tenham mantido referências ao sistema financeiro brasileiro. A agência, que integra o gabinete executivo da presidência dos EUA, comunicou recentemente a abertura de uma investigação formal sobre políticas comerciais do Brasil, incluindo estímulos ao uso do Pix.
A decisão partiu do ex-presidente Donald Trump, que justificou a medida como uma resposta a supostos ataques do governo brasileiro a empresas de redes sociais americanas e outras práticas consideradas prejudiciais aos interesses comerciais dos EUA.
Analistas apontam que a preocupação dos EUA pode estar ligada à concorrência gerada pelo Pix, um serviço público, gratuito e em expansão, que desafia modelos tradicionais, como os cartões de crédito e o Whatsapp Pay. Há inclusive casos em que o Pix foi usado em transações internacionais, concorrendo com o dólar.
Dados do Banco Central revelam que, em 2024, o Pix movimentou cerca de R$ 26,4 trilhões. Para a economista Cristina Helena Mello, da PUC-SP, o sistema representa um avanço em bancarização e inclusão financeira.
O lançamento do Pix também coincidiu com a tentativa da Meta de estrear o Whatsapp Pay no Brasil. O projeto, no entanto, foi suspenso pelo Banco Central e pelo Cade, que alegaram necessidade de avaliação dos riscos à concorrência e à integridade do sistema financeiro nacional.
Segundo especialistas, a ausência de integração com o sistema financeiro legal brasileiro foi o principal motivo para a suspensão. Isso teria frustrado os planos da Meta, empresa de Mark Zuckerberg, aliado político de Trump.
Procurados, o Banco Central e o Ministério das Relações Exteriores ainda não se pronunciaram sobre o tema.
Fonte: cenariomt