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60 anos da RMC: TV nasceu com apoio da população para compra de televisores

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Nos anos 60, enquanto a televisão ainda era uma novidade restrita a poucos centros urbanos do Brasil, o empresário Ueze Zahran acreditava que o povo de Mato Grosso – antes da divisão dos estados – também merecia ver o mundo pela TV e, em contrapartida, recebeu apoio da população que, antes mesmo do sinal chegar, comprou televisores para que ele obtivesse a liberação do sinal de transmissão.

À época, a exigência do governo federal era clara: só haveria sinal se houvesse demanda. Em outras palavras, era necessário comprovar a existência de um número mínimo de aparelhos de televisão em circulação. Sem isso, o sinal não seria liberado. E foi aí que a comunidade campo-grandense entrou em cena.

Em 1965, antes mesmo da TV ir ao ar, a cidade viveu uma campanha incomum. Carretas vindas do interior de São Paulo desfilavam pelas ruas carregadas de televisores, enquanto anúncios em jornais locais incentivavam a compra dos aparelhos como um gesto de apoio ao novo empreendimento.

Garantias de assistência técnica e até desfiles com os equipamentos criaram uma atmosfera de mobilização coletiva. Comprar um televisor era, naquele momento, mais do que um desejo de consumo: era um ato de engajamento com o progresso regional.

“Era um esforço coletivo”, conta o historiador Edvaldo Sotana, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). “O povo entendeu que, para a televisão chegar, era preciso mostrar que havia público. Foi um movimento raro em que empresários e comunidade agiram juntos”, cita.

Pioneira na região

Com a demanda comprovada, o passo seguinte veio em outubro de 1965, quando o presidente Castelo Branco assinou o Decreto nº 56.977, autorizando oficialmente a instalação da TV Morena, canal 4, em Campo Grande.

A capital do Estado era Cuiabá, mas foi a cidade morena quem teve a “primazia em televisão no Estado”, como noticiou a imprensa na época.

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As primeiras transmissões aconteceram na véspera de Natal daquele ano. Ainda em fase experimental, os irmãos Ueze, Nagib Elias e Eduardo Zahran colocaram no ar as primeiras imagens, superando até as constantes quedas de energia elétrica que marcavam a infraestrutura da cidade.

O esforço para levar a televisão ao interior do Brasil começou ainda antes. Em 1963, Ueze Zahran tentou, sem sucesso, viabilizar um ousado plano para trazer o sinal da TV Record, de São Paulo até Campo Grande, a partir da instalação de torres retransmissoras a cada 50 quilômetros.

Para Caio Turqueto, atual presidente do Grupo Zahran, o segredo do sucesso estava na visão de seu fundador. “Ele tinha um lema que dizia: ‘Se é para sonhar, vamos sonhar grande’. E esse sonho envolvia todo mundo”, pontuou.

O projeto, que contou com o aval de Paulo Machado de Carvalho e chegou a reunir 22 prefeitos paulistas em Tupã, não foi adiante por falta de apoio financeiro. Mesmo assim, a ideia demonstrava o tamanho da ambição de Zahran.

“Naquele tempo, ele costumava dizer: “Meu descanso era a Jovem Guarda. Eu achava tão bonito aquilo, que não podia ficar restrito às grandes cidades.

“Meu povo do Mato Grosso tinha direito de ver aquela beleza, o Roberto Carlos e a turma dele.”

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Dois anos depois da inauguração da TV Morena, foi a vez de Cuiabá receber a TV Centro América, em 1967. Desde então, a rede se expandiu, ganhou novas praças e se consolidou como uma das mais importantes do Centro-Oeste.

Fonte: primeirapagina

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