Um levantamento conduzido por especialistas brasileiros das áreas de infectologia, epidemiologia e pneumologia revelou os impactos do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) em pessoas com 60 anos ou mais hospitalizadas por pneumonia, tanto na rede pública quanto na privada de saúde.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o VSR é transmitido de forma semelhante à gripe e à covid-19, por meio de gotículas liberadas ao tossir, espirrar, contato direto com infectados ou superfícies contaminadas.
Os dados apontam que 64,2% dos casos graves envolviam doenças cardiovasculares, 32% tinham diabetes e 24,5% apresentavam Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), entre os 3.348 pacientes analisados entre 2013 e 2023.
Pacientes com comorbidades registraram taxas mais elevadas de internação em UTI (34,8%), permanência hospitalar prolongada (13,2 dias) e mortalidade (26,9%), se comparados aos sem doenças pré-existentes.
Estima-se que o VSR afete anualmente cerca de 64 milhões de pessoas em todo o mundo. Em resposta à baixa notificação e aos baixos índices de vacinação entre os idosos, a SBI lançou a campanha “Protegido você vai longe – Depois dos 60 o risco de ter pneumonia por causa do VSR é maior”.
O objetivo é informar a população sobre a conexão entre o VSR e o aumento dos casos de pneumonia em idosos, além de esclarecer as diferenças entre a bronquiolite infantil e os riscos do vírus na terceira idade.
Para Clovis Arns da Cunha, infectologista da SBI, a ausência de testagem para VSR durante internações no sistema público contribui para o subdiagnóstico. “Muitos pacientes acabam sendo tratados apenas como casos de gripe ou pneumonia”, explica.
Ele destaca ainda que, em 2025, houve aumento expressivo de internações por bronquiolite em crianças nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, além de crescimento relevante no Sul e Nordeste. “Se o VSR está afetando as crianças, também circula intensamente entre os avós, os 60+”, reforça.
Dados do Boletim InfoGripe da Fiocruz indicam que, apenas no primeiro semestre de 2025, o VSR foi responsável por 45% dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), totalizando 18.654 diagnósticos, superando o Rinovírus (22,8%) e a Influenza A (22,7%).
Rosana Richtmann, consultora da SBI, conclui: “O aumento de casos de VSR entre os idosos, especialmente os com comorbidades, reforça a importância da vacinação específica para esse vírus, tanto quanto para a gripe”.
Fonte: cenariomt