SAÚDE

Por que Conversar com Bebês é Exclusivo dos Humanos? Descubra a Origem da Linguagem

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Voz fininha, algumas caretas, gestos frequentes e sons repetitivos e simples: esses são os ingredientes para um bom “baby talk”, termo em inglês que significa “conversa de bebê” – um comportamento comum entre pais, tios e qualquer um que fique cara a cara com uma criança fofa.

Agora, um novo estudo mostrou que essa atividade pode ser mais do que um momento de conexão: é uma atividade que nos diferencia de outros primatas, e pode nos ajudar a entender como a linguagem surgiu na nossa espécie.

Cientistas da Universidade de Zurique, na Suíça, compararam os humanos e outras quatro espécies de primatas próximas dos sapiens – bonobos, chimpanzés, gorilas e orangotangos –, com foco nas interações entre indivíduos adultos e bebês. O tal “baby talk”, na linguagem científica, tem um nome mais sóbrio: “discurso direcionado a crianças”. A ideia era responder: como esse comportamento evoluiu na nossa espécie?

Para isso, os biólogos e linguistas viajaram até áreas onde estes primatas vivem na selva e registraram suas interações por meses, além de reunir dados de expedições anteriores, que tinham feito o mesmo. Eles também acompanharam famílias de humanos em locais bastante distintos, como em tribos indígenas do Peru e em regiões do Nepal, de olho no mesmo comportamento.

A análise concluiu que o “baby talk” é um comportamento quase exclusivo dos humanos, pouco registrado entre outros primatas. “Ficamos surpresos com o quão pouco desse tipo de comunicação observamos em nossos parentes vivos mais próximos”, diz Franziska Wegdell, pós-doutoranda da Universidade de Zurique e uma das autoras da nova pesquisa.

O estudo, que também incluiu pesquisadores da França, EUA e Alemanha, foi publicado na revista científica Science Advances. Sua conclusão pode nos ajudar a entender um mistério científico: como os humanos desenvolveram a linguagem?

Origens

A conversa típica com bebês já foi registrada em muitas culturas humanas, e parece cumprir uma função: usando sílabas curtas e repetitivas, uma voz chamativa e muitos gestos e expressões faciais, o “baby talk” ajuda crianças a entender o que é a fala e, assim, desenvolver a própria linguagem.

Em nível individual, estudos já mostraram que a prática facilita a aquisição de linguagem e está ligada a melhores resultados em habilidades linguísticas.

Embora interações do tipo já tenham sido registradas em outras espécies animais, o novo estudo indica que esta é uma característica que foi bastante amplificada na linhagem humana. E isso pode explicar por que nossa linguagem é tão complexa.

Animais, você sabe, possuem seus métodos de comunicação que envolvem gritos, latidos, rugidos etc. Algumas espécies têm, inclusive, estratégias bastante complexas e surpreendentes para se comunicar. Mas nenhuma é tão eficaz quanto a dos seres humanos: conseguimos combinar sons para formar palavras, e combinar palavras para formar frases que, por sua vez, podem resultar em discursos infinitos com sentidos igualmente infinitos.

Chimpanzés, por sua vez, conseguem transmitir mensagens com sons distintos, e até combiná-los, mas há um limite de sentido que eles conseguem transmitir. Por que a nossa linguagem é tão mais completa?

É possível que o “baby talk” tenha um papel nisto: enquanto chimpanzés aprendem a se comunicar principalmente ouvindo as interações entre os adultos, os bebês humanos possuem o privilégio de interagir diretamente com seus pais e cuidadores, com uma linguagem simples, repetitiva e chamativa, que os ensina o que é a linguagem mesmo antes de saberem falar.

Esse “método de aprendizado” direcionado às crianças pode ter ajudado a linguagem a se complexificar cada vez mais na espécie humana, especulam os cientistas. O novo estudo reforça essa hipótese: afinal, o “baby talk” é bastante ampliado entre os sapiens. Mesmo assim, a discussão segue em aberto: é possível que outros fatores também entrem na jogada quando o assunto é origem da linguagem.

“Para entender melhor a evolução do discurso direcionado aos bebês, trabalhos futuros poderiam comparar como as características e funções desse tipo de comunicação variam entre as espécies e por que”, propõem os pesquisadores no estudo.

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Fonte: abril

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