Nos últimos cinco anos o Pantanal Mato-grossense tem sido o cenário de grandes incêndios ambientais. Somente em 2020 foram mais de 13,2 mil focos de calor. Prevendo uma seca severa nos próximos meses, os setores público e produtivo nos últimos dias estão reunindo forças numa resposta antecipada a possíveis focos de calor no bioma.
Além da destruição e do trabalho para recuperar os prejuízos deixados pelo rastro do fogo, os produtores do bioma Pantanal ainda sofrem com a insegurança quanto a possíveis punições por uma coisa que não possui culpa.
“A gente passa o tempo inteiro tentando ter um diálogo com as autoridades para que o produtor não venha a ser punido por uma coisa que ele não tem culpa de ter chegado a sua porta. Por uma interpretação ou outra acham que tem que ser punido. Mas, a gente verdade é só uma: ninguém tem benefício nenhum com o fogo. O fogo é um problema para todos nós. O Pantanal é imenso. Atinge tanto o Brasil como a Bolívia e o Paraguai. Essa é a conscientização que temos levado, feito ações nesse sentido para que juntos consigamos evitar que aconteça uma nova catástrofe”, pontua o presidente do Sindicato Rural de Cáceres, Aury Paulo Rodrigues, ao Patrulheiro Agro desta semana.

Busca antecipada para respostas no Pantanal
Recentemente o governo de Mato Grosso deu início à operação de combate aos incêndios florestais no Pantanal Mato-grossense. A ação reúne forças de segurança e ambientais numa resposta antecipada a possíveis focos de calor no bioma.
Conforme o comandante do Batalhão de Emergências Ambientais, Décio Santos da Silva, ações estruturais na Transpantaneira foram realizadas e está sendo lançada mais uma sala de atuação específica para o Pantanal. Além disso, um plano de combate a incêndio nas unidades de conservação também foi feito.
“Esse bioma requer muita atenção pelas dificuldades técnicas operacionais e pelos acessos que são difíceis pelo tipo de incêndio que é de copa de superfície e em profundidade”, frisa.
O período proibitivo do uso do fogo para limpeza e manejo de áreas dentro do bioma do Pantanal vai de 1º de junho a 31 de dezembro de 2025.
De acordo com o comandante geral adjunto do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, Roni Robson Cruza Barros, a corporação está preparada tanto com recursos humanos, capacitação e material para o enfrentamento dos incêndios florestais em 2025. Ele comenta ao programa do Dia de Ajudar Mato Grosso que 81 instrumentos de respostas estão planejados.
“Então, estaremos atentos e fazendo a cobertura de todo o estado de Mato Grosso. E, também temos um programa inovador em 2025 na área de conscientização, onde vamos trabalhar a criança. O programa se chama Sentinelas do Amanhã”, diz.
Em 2025, segundo a superintendente do Ibama em Mato Grosso, Cibele Madalena de Matos, 343 brigadistas foram contratados.
“A Operação Pantanal para nós é de grande relevância. Temos uma brigada localizada em Cáceres, mas também uma de pronto emprego localizada em Corumbá [no Mato Grosso do Sul]. Então, para todas essas emergências estamos preparados neste ano. E, além disso, esse ano temos um diferencial que é a Política Nacional do Manejo Integrado do Fogo, que prevê as queimas prescritas”.

Melhores formas de combate, mas de altíssimo custo
Apesar das aprimorações para o combate e controle dos incêndios ambientais, ainda é preciso ter uma melhor forma de explorar as mesmas, pontua o presidente do Sindicato Rural de Poconé, Ricardo Figueiredo Arruda.
“Abrir as pastagens, limpar, tudo precisa de projeto de altíssimo custo para execução, estudo e, principalmente, implementação”.
De acordo com o Sindicato Rural de Poconé, pouco mais de 92% das áreas na região são propriedades particulares e a maior parte está abandonada e/ou ociosa.
“Temos uma legislação de 2008, que foi atualizada em 2020 depois dos focos de incêndio aqui no Pantanal, e ainda hoje ela vem sendo discutida para buscar o melhoramento, muito longe do que nós produtores entendemos como ideal”, salienta Ricardo.
O senador mato-grossense Wellington Fagundes destaca que “o Pantaneiro merece respeito, porque aqui nós temos uma tradição com toda a riqueza que Deus nos deu”.
“Melhorou o entendimento daqueles, inclusive, que interpretam a lei, mas o estatuto do Pantanal é o que vai trazer o regimento jurídico com mais consistência. No caso de Mato Grosso, a Assembleia Legislativa e o governo do estado fizeram uma lei que foi promulgada, mas infelizmente foi questionada e está no Supremo Tribunal Federal. Às vezes as pessoas que não vivem, não conhecem a realidade querem opinar ou entrar em um assunto e às vezes o que fazem é complicar a vida”.
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Fonte: canalrural