O Brasil espera impulsionar a cooperação internacional durante a cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, reunindo líderes de 11 países para antecipar discussões que estarão em pauta na COP30, em novembro, em Belém. A meta é alinhar estratégias ambiciosas sem perder de vista os princípios da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
O governo brasileiro defende uma nova liderança climática baseada na solidariedade, com respostas equitativas às mudanças climáticas. Em maio, os delegados dos Brics aprovaram recomendações sobre financiamento climático, incluindo reformas em bancos multilaterais e o aumento do crédito concessional para países em desenvolvimento.
Segundo a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, o documento ainda sugere formas de mobilizar capital privado. Para Antonio Jorge Ramalho da Rocha, professor da Universidade de Brasília, a declaração final deve enfatizar o financiamento para a transição energética e fortalecer o multilateralismo.
Questões como o combate à desertificação, proteção dos oceanos e redução da poluição plástica também ganham relevância. A professora Maureen Santos, do Brics Policy Center, afirma que compromissos concretos de financiamento para uma transição justa seriam um avanço significativo para o grupo.
A cúpula ocorre em um cenário de fragilidade do Acordo de Paris, adotado em 2015, especialmente após a saída dos Estados Unidos. Em junho, a conferência preparatória em Bonn discutiu como alcançar US$ 1,3 trilhão em financiamento climático, com o G77 cobrando mais recursos dos países ricos.
Maureen ressalta que o Brics pode contribuir inovando no modelo de financiamento, embora mantenha cautela para não desresponsabilizar as nações desenvolvidas. Ela destaca ainda a importância de pressionar por revisões das NDCs, compromisso que apenas Brasil e Emirados Árabes já apresentaram entre os membros do bloco.
Na área de energia, Jorge da Rocha lembra que vários países do Brics dependem dos combustíveis fósseis. Mesmo assim, o grupo oficializou o objetivo de promover transições energéticas justas e reduzir as emissões. A proposta inclui usar recursos do petróleo para ampliar a geração de energia limpa, embora o professor admita que subsídios ao setor dificultam avanços mais rápidos.
Fonte: cenariomt