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Somatização: Entenda a Ligação entre Corpo e Mente nas Dores Físicas

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Corpo e mente não são partes separadas de um mesmo indivíduo, são partes de um todo, em que cada uma se encontra inserida na outra, numa conexão fascinante, que conhecemos como complexo mente-corpo, quando deveria ser chamado apenas de corpo, tendo a mente, como a parte do corpo, que o governa.

Somatização significa projetar no corpo físico (soma) todo o sofrimento da mente (psique, aparelho psíquico). A somatização acontece quando o estresse da vida diária ou experiências psíquicas desagradáveis intensas deixam de manifestar-se por meio de sintomas mentais e elegem o corpo físico para externar a angústia e o sofrimento psíquico subjacente. Assim os sintomas mentais ficam mascarados pelos sintomas físicos.

A somatização é diagnosticada quando sintomas físicos, são avaliados pela medicina e, após análise, é descartada qualquer causa orgânica, ou quando esta existe, não justifica a intensidade dos sintomas físicos sofridos e relatados pelo indivíduo que tem alguma queixa somática. Em outras palavras, não há uma explicação médica que vincule tais sintomas a alguma doença do soma, ou seja, do corpo físico. Isso quer dizer que o sofrimento psíquico elege o soma para expressar sua angústia.

O paciente somatizador, mesmo reconhecendo parcialmente seu sofrimento psíquico, não consegue perceber, conscientemente, a manifestação física como a expressão deste sofrimento. Por outro lado, os sintomas físicos funcionam como sinais de alerta, de pedido de socorro, que parte da mente e manifesta-se no soma; parte do interior para o exterior ou para órgãos internos, como manifestações físicas de falha de funcionamento desses órgãos como, por exemplo, dores abdominais atribuídas ao estômago ou intestinos; palpitações ou dores precordiais relacionadas ao coração. É claro que a grande liberação de hormônios, como cortisol e adrenalina nas manifestações ansiosas aumentam a tensão muscular e alteram a percepção da dor.

São diversos os sintomas somáticos nas diferentes áreas corporais. Dentre eles estão os sintomas dolorosos, principalmente as dores de cabeça e dores lombares, além de dores abdominais, torácicas, musculares e de articulares; sintomas relacionados ao aparelho digestivo, como azia, náuseas, distensão abdominal, indigestão, diarreia ou prisão de ventre; sintomas cardiovasculares como sensação de aperto no peito e palpitações; sintomas respiratórios, como falta de ar; outros sintomas, como tontura, formigamento de membros superiores e face, vertigens, sensação de desmaio, cansaço extremo, zumbidos, coceiras, diminuição da libido, alterações menstruais, etc.

São vários os fatores de risco para quadros de somatização. Eles podem ser encontrados no estresse crônico, consequente a desajustes conjugais, problemas financeiros, pressões no ambiente profissional, reação de luto e outros. A somatização pode estar presente nas doenças depressivas e ansiosas, nos quadros fóbicos, nos traumas por abuso físico ou sexual na infância, estresse pós-traumático mal resolvido. Pessoas que têm muita dificuldade de expressar sentimentos de qualquer natureza, podem deslocar suas dificuldades para sintomas somáticos.

É importante saber que os sintomas físicos, uma vez descartadas as causas orgânicas e sem explicação pela medicina geral, não são puras invenções, pelo contrário, são reais e explicados pela psiquiatria e psicologia. Eles existem e têm tratamento, mas antes de iniciar a terapêutica indicada, os pacientes com somatizações são avaliados por diversas outras especialidades e submetidos a inúmeros exames laboratoriais e de imagem, antes do encaminhamento à psiquiatria.

Quanto mais precoce o paciente chegar ao psiquiatra, melhor o prognóstico, uma vez que a demora do início do tratamento psiquiátrico mantém a preocupação do enfermo com a doença física, preocupação esta que agrava os sintomas ansiosos e outros sintomas psíquicos que, por sua vez, vão exacerbar os sintomas físicos, criando um círculo vicioso em que o físico agrava o mental, que agrava o físico.

O tratamento deve ser integrado — psiquiátrico e psicológico, podendo muitas vezes envolver outros especialistas da medicina. É importante sempre buscar ajuda e, nesses casos, descartar causas orgânicas e, em seguida, iniciar o tratamento com os profissionais de saúde mental indicados. Também é importante saber que a mente muitas vezes apenas sussurra seu sofrimento, enquanto o corpo fala e, muitas vezes, grita a sua dor.

Fonte: primeirapagina

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