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Satélite Morto da NASA emite forte sinal de rádio captado por cientistas: o que isso significa?

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Em junho de 2024, astrônomos da Austrália captaram um sinal misterioso de rádio, tão próximo da Terra que por um instante ofuscou todas as outras emissões do céu. Os pesquisadores se empolgaram com a possibilidade de ter encontrado algo exótico e raro, talvez um objeto desconhecido próximo do planeta. Mas a análise dos dados revelou uma história bem diferente.

O sinal de rádio veio não de um óvni ou algo do tipo, mas de um antiquíssimo satélite da Nasa, o Relay 2, que está na órbita terrestre média desde janeiro de 1964. Ele fazia parte de um sistema de satélites experimentais de comunicação junto do Relay 1, e estava teoricamente morto desde 1965, quando sua missão foi encerrada pela agência espacial dos Estados Unidos. Não era um veículo alienígena, mas uma baita esquisitice.

A frequência de rádio foi captada pelo Australian Square Kilometer Array Pathfinder, o telescópio de rádio ASKAP. Essa instalação no oeste da Austrália consiste em 36 antenas, cada uma com cerca de três andares de altura, que ajudam a encontrar “explosões rápidas de rádio” no espaço, flashes de energia de galáxias distantes que são verdadeiros mistérios para a astronomia, já que ninguém sabe com certeza o que os produz ou como eles são tão brilhantes.

Ao invés de uma explosão rápida de rádio, os pesquisadores do ASKAP encontraram um sinal que estava a 4500 quilômetros de distância. O único satélite que estava na área calculada pelo radiotelescópio era o Relay 2, que já tinha virado lixo espacial há mais de 50 anos.

A descoberta do sinal de rádio foi divulgada num artigo publicado no periódico The Astrophysical Journal Letters.

Emitiu sinal, mas não ressuscitou

O Relay 2 foi criado como a versão atualizada do Relay 1, que foi lançado para o espaço em dezembro de 1962. A Nasa encerrou a missão do Relay 2 em setembro de 1965, quando a estação da agência espacial do deserto de Mojave, a única que podia se comunicar com o satélite, foi atualizada para ser usada em outro programa de comunicação espacial.

Os dois transponders do satélite, dispositivos de comunicação que os astrônomos usavam para transmitir tarefas para o Relay 2, pararam de funcionar pouco tempo depois do encerramento da missão. Como, então, ele conseguiu voltar à vida depois de décadas de silêncio?

As ondas de rádio foram emitidas pelo satélite durante cerca de 30 nanossegundos. Nesse curto período de tempo, o sinal foi de longe o mais brilhante que o radiotelescópio ASKAP encontrou no espaço. Mas isso não significa que os equipamentos do Relay 2 voltaram a funcionar.

Os astrônomos do ASKAP desenvolveram duas hipóteses para o que pode ter causado o forte sinal de rádio vindo do Relay 2. O que aconteceu provavelmente foi um acúmulo de eletricidade estática na superfície de metal do satélite, que deve ter dado curto-circuito em algum componente dele, liberando toda a energia de uma vez só.

Outra possível causa seria o impacto de um meteorito menor que 1 milímetro no satélite. Os detritos do pequeno impacto provavelmente virariam uma nuvem de plasma, que pode emitir essas pequenas explosões de ondas de rádio. Essa hipótese é mais improvável, porque iria requerer circunstâncias muito específicas.

A descoberta de que satélites antigos podem interferir nas observações intergaláticas dos telescópios adiciona mais um item à lista de consequências do acúmulo de lixo espacial na órbita terrestre.

Desde 1957, quase 22 mil satélites passaram a orbitar a Terra. Se só alguns desses emitirem essas explosões de energia, como o Relay 2, os astrônomos que monitoram essas “explosões rápidas de rádio” vão precisar tomar muito cuidado para não confundir velharias espaciais com acontecimentos importantes em outras galáxias.

Fonte: abril

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