A presidente da Capes, Denise Pires de Carvalho, aconselhou pesquisadores brasileiros com planos de estudar nos Estados Unidos a buscarem alternativas. Segundo ela, embora não haja registro de bolsas com visto negado até o momento, o cenário ainda é incerto. “O que eu estou dizendo para as pessoas é: procurem outro país, porque é possível trocar de destino antes de embarcar”, afirmou.
Denise alertou que um grande número de bolsistas deve seguir para os EUA em setembro e que a situação só ficará mais clara nos próximos meses. Ela destacou a endurecida política migratória norte-americana desde o governo Trump, com medidas como exigência de acesso a redes sociais e restrições que já impediram até mesmo a matrícula de estrangeiros em universidades como Harvard.
Em evento no Rio de Janeiro, a presidente da Capes ressaltou a importância da cooperação científica internacional. Em 2024, mais de 700 projetos envolveram 61 países parceiros, promovendo o intercâmbio de quase 9 mil pesquisadores brasileiros e recebendo cerca de 1,2 mil estrangeiros no país.
Desigualdade na pós-graduação
Denise também apresentou dados sobre a expansão da pós-graduação no Brasil. Em 20 anos, o número de cursos de mestrado e doutorado passou de cerca de 3 mil para mais de 7 mil, ampliando a oferta em estados antes desassistidos. Ainda assim, persistem desigualdades regionais: dos 4.859 programas atuais, quase metade está no Sudeste, enquanto o Norte possui apenas 289.
Ela defendeu políticas para reduzir essas disparidades e destacou ações da Capes nesse sentido, como a ampliação de bolsas de pós-doutorado para programas de nota 5 em regiões com baixo Índice de Desenvolvimento Humano. “Esses cursos são excelentes, só não têm nota maior porque ainda não são internacionais. Essa bolsa é uma chance de fixar pesquisadores nessas cidades e fortalecer os programas”, explicou Denise.
Fonte: cenariomt