O Brasil alcançou recentemente um marco histórico na área sanitária agropecuária: é oficialmente um território livre de febre aftosa sem vacinação. A certificação foi concedida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), após ser reconhecida durante a 92ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Delegados da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), realizada em maio, na França.
Com a conquista, o país inteiro passa a ter unidade sanitária em relação à febre aftosa, o que permite facilitar o trânsito de animais suscetíveis à doença entre os estados, desde que sejam apresentados os documentos sanitários exigidos, como a Guia de Trânsito Animal (GTA) e comprovantes de sanidade.
Até então, estados como Paraná, Acre, Rondônia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além de municípios específicos do Amazonas e do Mato Grosso, eram os únicos com permissão para o ingresso de bovinos sem vacinação. Agora, com a certificação estendida, bovinos e bubalinos dos demais estados reconhecidos recentemente, como São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, poderão circular livremente, conforme explicou Rafael Gonçalves Dias, chefe do Departamento de Saúde Animal da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná).
Além de facilitar o comércio interno, o novo status é visto como porta de entrada para mercados exigentes, como Japão e Coreia do Sul, que só compram proteína animal de regiões livres da doença sem vacinação.
A medida também traz economia significativa para os produtores: com aproximadamente 244 milhões de animais dispensados da vacinação, a expectativa é de redução de custos de até R$ 500 milhões, segundo o Mapa. O Paraná, que lidera as exportações de proteína animal no país, foi pioneiro nesse processo e já não vacina desde 2019, quando obteve a certificação.
Apesar do avanço, os cuidados com a fiscalização e vigilância ativa serão intensificados. A nova fase exige atualizações periódicas do rebanho, barreiras sanitárias fortalecidas e a habilitação de frigoríficos para manter padrões internacionais de exportação.
Para garantir o controle, medidas como o inquérito epidemiológico, com coleta de sangue de quase 10 mil animais em 330 propriedades no Paraná, e a estruturação de postos fiscais nas divisas estaduais foram essenciais. Além disso, o cadastro de rebanhos permanece obrigatório no estado, substituindo a antiga campanha de vacinação.
O reconhecimento do território brasileiro como livre de febre aftosa sem vacinação é resultado de um esforço conjunto entre os órgãos estaduais, o Mapa, a OMSA e o setor privado. É também um passo decisivo para consolidar o país como referência mundial em segurança sanitária e potencial exportador agropecuário.
Fonte: cenariomt