Dor é conceituada em nossos dicionários como “sensação penosa ou desagradável, sofrimento, sensação molesta em alguma parte do corpo”. A dor pode ser aguda ou crônica. É chamada de aguda quando sua duração é de minutos, horas ou dias até três meses e, geralmente, surge como resposta do corpo a uma lesão ou doença temporária; é denominada crônica, quando a duração é superior a três meses, geralmente ligada a doenças crônicas ou de causa indeterminada.
É sobre dor crônica que vamos discorrer algumas palavras. Trata-se de uma condição complexa, que não deve ser encarada como um simples sintoma, mas como algo que afeta o corpo, a mente e, consequentemente, a qualidade de vida daquelas pessoas que têm este sofrimento. É uma condição debilitante que atinge milhões de indivíduos ao redor do mundo, é algo que sobrecarrega o sistema de saúde porque leva milhares de pessoas, diariamente, à busca de tratamento e solução.
Ela pode manifestar-se como dor crônica musculoesquelética, onde se tem como exemplo a dor lombar ou lombalgia, as artrites, a fibromialgia, etc.; dor neuropática, em que há lesão dos nervos, como nos casos de diabetes, alcoolismo, etc.; dores de cabeça, como enxaqueca, cefaleia tensional, etc. Sabe-se que a dor crônica não é apenas um sinal físico, é uma hipersensibilidade do sistema nervoso com impacto negativo nas atividades da vida diária e na qualidade de vida.
As limitações físicas diminuem a capacidade ao exercício do labor e muitas vezes incapacitam a pessoa totalmente para o trabalho. É importante que se tenha em mente que a dor crônica não afeta apenas o corpo, provoca um grande desgaste emocional, com irritabilidade, sentimento de impotência e isolamento social. O sono é duplamente prejudicado, tanto pelo estado emocional abalado, como pelo quadro doloroso, que atravessa a noite, impedindo um adormecimento de qualidade.
O estresse, a ansiedade e a depressão podem aumentar a tensão muscular e amplificar a percepção da dor, gerando um círculo patológico em que estes – estresse, ansiedade e depressão – agravam a dor e por ela são agravados. Dor, como o próprio nome diz, já se trata de algo ruim e de difícil convivência. Sentir dor é algo desconfortável. Pior que isso, é viver com dor crônica que não se trata apenas de aprender a lidar com um sintoma físico, mas também com todas as manifestações psíquicas que acompanham o quadro doloroso.
Inúmeras pessoas afetadas por esse sofrimento lutam contra o estigma e enfrentam o descrédito e a incompreensão de familiares, amigos e até mesmo de profissionais de saúde. Apesar das dificuldades, é possível melhorar os quadros dolorosos por meio de diversas possibilidades terapêuticas farmacológicas e não farmacológicas. A abordagem deve ser multiprofissional, incluindo médicos psicólogos e fisioterapeutas. O alongamento e o fortalecimento muscular devem ser conduzidos pela fisioterapia.
Atividades como pilates e hidroterapia também trazem grandes benefícios, reduzindo a tensão muscular e aumentando a mobilidade. Ainda contamos com a acupuntura e a massoterapia no alívio da dor. Cabe à psicologia uma gama de técnicas psicoterápicas indicadas nos quadros dolorosos. Práticas de meditação e relaxamento trazem grandes benefícios aos que sofrem de dor crônica, reduzindo a resposta ao estresse e diminuindo a percepção da dor. Cabe à psicologia também o uso de diversas técnicas psicoterápicas indicadas nos quadros dolorosos.
São várias as classes medicamentosas que contribuem para o alívio da dor, que deve ser conduzido apenas por médicos. Como os quadros dolorosos crônicos afetam a saúde mental ou por estas são afetados, é quase sempre importante o engajamento do psiquiatra no apoio multidisciplinar do tratamento, uma vez que doenças ansiosas e depressivas, secundárias ou agravantes dos problemas dolorosos necessitam de atenção e tratamento ao mesmo tempo em que se busca o alívio da dor. Ainda que não se alcance a cura, pode-se melhorar a qualidade de vida.
Fonte: primeirapagina