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Música

Memórias, Crônicas e Declarações de Amor: O Disco que Reinventou Marisa Monte e Marcou o Futuro da MPB

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Quando “Memórias, Crônicas e Declarações de Amor” chegou às lojas em maio de 2000, Marisa Monte já era um nome consagrado da música brasileira. Entretanto, foi nesse álbum que a artista deu um passo além: trocou os arranjos grandiosos por atmosferas mais sutis, trouxe uma delicadeza quase falada para o centro das composições e inaugurou uma nova fase de sua trajetória.

O disco, que completa 25 anos em 2025, não é apenas um ponto de virada em sua estética musical como também consolidou parcerias criativas com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, abrindo caminho para o nascimento dos Tribalistas, que viria dois anos mais tarde.

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Foto: Instagram @marisamonte

Lançado após o mega sucesso de “Barulhinho Bom” (1996), que misturava versões ao vivo e faixas de estúdio, “Memórias, Crônicas e Declarações de Amor” representou um reposicionamento artístico de Marisa Monte. A artista, que até então transitava entre a reverência à MPB clássica e experimentações pontuais, entregou um disco absolutamente contemporâneo.

Em suas 12 faixas, o álbum dialoga com a cancioneiro popular brasileiro, mas abraça o minimalismo sonoro, a eletrônica sutil e o pop de forma inédita em sua discografia. Ao invés de interpretações de grandes compositores, como Cartola, Pixinguinha ou até mesmo Lou Reed (presentes nos álbuns anteriores), o foco agora estava nas composições próprias ou em parcerias marcadas por uma linguagem simples e direta.

As atmosferas criadas em canções como “Tema de Amor”, “Não Vá Embora” e “Amor I Love You” apostam numa emoção cotidiana, quase banal, mas profundamente verdadeira. É Marisa Monte falando de amor, solidão e reconciliação com um frescor que a aproximava do público, mas sem perder a sua sofisticação, que estava, está e sempre esteve incrustada em sua voz.

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Foto: Instagram @marisamonte

Um pontapé para os Tribalistas

Se “Memórias, Crônicas e Declarações de Amor” marca uma virada na estética sonora de Marisa Monte, é também porque reflete a consolidação de uma tríade criativa que mudaria os rumos da música brasileira nos anos seguintes: Marisa, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown. Embora já tivessem colaborado antes, foi nesse álbum que a sintonia entre os três ganhou corpo.

Vale lembrar que, em seu disco de estreia, o “MM”, Marisa gravou “Comida”, clássico dos Titãs, que leva também a assinatura de Arnaldo Antunes. O cantor também aparece nos créditos de “Beija Eu”, do disco “Mais”, entre outras. Com Carlinhos, Marisa trabalhou em faixas como “Maria de Verdade” “Segue o Seco”, de “Verde Anil Amarelo Cor de Rosa e Carvão”, e “Magamalabares”, de “Barulhinho Bom”.

A parceria do trio chegou em sua forma mais bem-sucedida, no entanto, em “Amor I Love You”, single do “Memórias Crônicas e Declarações de Amor” que se tornaria um dos maiores hits da carreira de Marisa. A música une um arranjo delicado com um sample inusitado: um trecho de “Primo Basílio”, de Eça de Queirós, recitado por Arnaldo. A ideia dessa música exemplifica o espírito do disco: misturar o erudito com o pop, mas sem soar pretensioso.

Entre outras colaborações do trio no disco estão o clássico “Não é Fácil”, a delicada “Água Também é Mar” e o samba “Para Ver As Meninas”.

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“Memórias Crônicas”: Legado

Vinte e cinco anos depois de seu lançamento, “Memórias, Crônicas e Declarações de Amor” segue sendo uma referência fundamental para entender não apenas a evolução artística de Marisa Monte, mas também o caminho que a música brasileira trilhou no início dos anos 2000. O disco antecipou uma tendência que se tornaria dominante nas décadas seguintes: a fusão entre a canção popular, o pop intimista e a estética minimalista.

Ao abrir espaço para composições com linguagem acessível, mas carregadas de emoção, Marisa ajudou a quebrar a ideia de que música “sofisticada” precisava ser dura e difícil. Com isso, influenciou uma nova geração de artistas que também transitam entre o pessoal e o pop sem medo de soar vulneráveis. Nomes como Anavitória, Tiago Iorc, Rubel, Liniker, Céu e Majur carregam, uns mais e outros menos, traços dessa herança.

Mais do que um disco, “Memórias, Crônicas e Declarações de Amor” se tornou um marco afetivo daquela época. Ainda assim, um trabalho que envelheceu como vinho, com graça e sem perder relevância nem frescor. Talvez porque, ao falar de amor de forma tão destemidamente humana e musicalmente inovadora, o disco de Marisa Monte tenha capturado algo que permanece atemporal: a necessidade de se comunicar com o outro.

Fonte: portalpopline

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