Mandioca chips, palha, pré-cozida e a tradicional congelada. A agregação de valor para o produto retirado da lavoura vem gerando emprego e renda em Chapada dos Guimarães. Uma mudança vinda da busca por mais conhecimento para melhorar o desempenho no campo.
Assim pode-se dizer que se resume a história do produtor Carlos Alexandre Silva Fonseca e do sítio Sombra da Serra, na comunidade Pedra Preta, em Chapada dos Guimarães.
O local possui cerca de 40 hectares, dos quais em aproximadamente 12 hectares o cultivo de mandioca é realizado.
O trabalho com a cultura já faz parte da história da família. Desde os seus 13, 14 anos, o produtor já acompanhava o pai na lida com a raiz tuberosa.
Apesar de conhecer o “bruto” da atividade, Carlos Alexandre não hesitou em aprimorar o que já sabia. No final de 2022 o produtor começou a receber orientações do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar Mato Grosso.
“Está ajudando muito até hoje A gente sabe o bruto, mas o estudo quem sabe mesmo são eles. Eles passam para nós e vamos aprimorando com o que sabemos”, frisa o produtor ao programa Senar Transforma desta semana.

Informação e inovação para minimizar gargalos
Conforme o supervisor de campo da ATeG do Senar Mato Grosso, Cleonir Andrade Faria Junior, apesar do produtor já possuir expertise na mandiocultura, buscou-se levar para o mesmo informação e inovação.
“Fizemos esse elo entre a experiência prática, que o mesmo já possuía, e trouxemos inovação, métodos que facilitariam a condução da cultura da mandioca no decorrer do seu ciclo, principalmente no que diz respeito à limpeza. Sabemos que a mão de obra é um dos principais gargalos, principalmente na agricultura familiar”.
O cuidado com a qualidade do solo foi outra orientação repassada pelo profissional do Senar Mato Grosso ao produtor. A recomendação, aliás, serve para todos aqueles que investem no cultivo de mandioca e buscam alcançar resultados melhores.
“Temos que entender que a mandioca, assim como qualquer outra cultura, ela também demanda de recursos nutricionais do solo. E isso, às vezes, é muito negligenciado por parte dos produtores. Ou seja, não realizam uma correção do solo, uma adubação e isso acaba afetando diretamente a produtividade”, pontua Cleonir.
Hoje, em Chapada dos Guimarães, comenta o supervisor de campo da ATeG, o cultivo de mandioca ainda tem muito a ser melhorado, principalmente quanto à manutenção, manejo e fertilidade do solo. O caminho a ser percorrido, segundo ele, é longo.
“Aqui na região ainda temos produtores que possuem uma produtividade muito aquém do que se espera. Mas, trabalhamos na faixa de 250 a 300 sacas por hectare”.
No mandiocal do sítio Sombra da Serra, o desempenho fica próximo a isso.
“Em média 230 sacas por hectare. Depende do clima e se não for um ano de muitas pragas a gente consegue chegar à mais”, salienta o produtor Carlos Alexandre.
De acordo com o supervisor da ATeG do Senar Mato Grosso, a demanda da mandioca em Mato Grosso é grande comparada a produção, chegando até mesmo o produto a ser trazido de outros estados.

Agroindústria agrega valor a mandioca
Mesmo sem dificuldade para comercializar o que colhe, o Carlos Alexandre quis ir além. Montou uma agroindústria na propriedade para beneficiar e agregar valor à produção. E a ideia deu muito certo!
“Já estávamos na área e tínhamos aquele sonho de conseguir chegar melhor até o consumidor e aí surgiu a ideia”, diz o produtor.
Em média, entre 450 e 500 quilos de mandioca são descascados por dia na agroindústria.
A produção que abastece a agroindústria construída na propriedade foi uma ideia incentivada pelo Cleonir, que também é produtor de mandioca.
“Eu tive a oportunidade, além da amizade com o Alexandre, de fazermos negócios, onde a indústria foi passada para a direção dele. E a gente vê tomando direções muito maiores e isso é extremamente gratificante, tanto no cunho pessoal do Cleonir como no do técnico de campo Cleonir que iniciou os atendimentos com o Alexandre lá no final de 2022”.

O supervisor de campo da ATeG destaca que uma das vantagens em se investir numa agroindústria está na agregação de valor de um produto primário.
“A partir do momento em que eu descasco a mandioca eu agrego valor. Eu descasco e faço a pré-cozida, eu agrego valor duas vezes. Então, quanto mais a gente processa esses produtos de origem primária, mais a gente agrega valor. E quanto mais agrega valor maior a viabilidade, a lucratividade daquela atividade”.
Os produtos do sítio Sombra da Serra podem ser encontrados em Chapada dos Guimarães, Cuiabá, Rondonópolis, Campo Verde e Primavera do Leste. “De pouquinho os produtos estão chegando”, diz Carlos Alexandre.
A mandioca descascada congelada é comercializada pelo produtor a R$ 7 o quilo. Já o pacote de 500 gramas de mandioca pré-cozida a R$ 6. A versão chips em pacote de 50 gramas é vendido a R$ 3, enquanto a mandioca palha, recém lançada, a R$ 10 o pacote de 200 gramas.
Com a conquista gradativa de novos clientes, a demanda pelos produtos do sítio Sombra da Serra aumenta, exigindo também mais matéria-prima. Para isso, o produtor adquire mandioca dos vizinhos, impulsionando ainda mais a produção local.
Além de agregar valor à produção e gerar oportunidades de vendas para os agricultores da região, ao investir na construção da agroindústria o Carlos Alexandre também contribuiu com o aquecimento da economia local, criando vagas de emprego.
Diretamente são dez pessoas trabalhando no sítio Sombra da Serra. Entre elas a Leila de Morais Pereira. “Aqui por ser rural é bem difícil serviço para a mulher. É mais serviço de roça, serviço pesado. Isso aqui foi uma bênção. Está gerando renda e emprego e mudanças para várias pessoas”.
A Érica Pedroso também ficou feliz da vida quando soube que a região ganharia uma agroindústria. Ainda mais, quando passou a integrar o quadro de colaboradoras.
“Para ele [Carlos Alexandre] foi uma grande mudança, mas para a comunidade inteira também. Todo mundo mais próximo ficou feliz, porque gerou emprego para muitas mulheres. Somos sete mulheres trabalhando aqui”.

Futuro com novos produtos a partir da mandioca
O agricultor simples que virou empresário, gerou oportunidades a partir do conhecimento adquirido por meio do programa de assistência técnica e gerencial, quer continuar aprendendo com os profissionais do Senar.
Uma das metas é conseguir dar destino rentável para as cascas e pontas de mandioca, que hoje não têm destino comercial.
“A ideia é fazer a ração para engorda de gado. Aqui na região nesta época da seca, os vizinhos procuram buscar longe. Estamos aqui com o produto, se a gente conseguir agregar para atender eles”.
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Fonte: canalrural