Um tribunal de condenou, nesta terça-feira, o ator Gérard Depardieu por agressão sexual contra duas mulheres durante as filmagens de um longa-metragem. Ele recebeu uma sentença de 18 meses, com suspensão condicional de pena. O juiz observou que o ator parecia não compreender o impacto “traumático” de seu comportamento.
Este foi o caso mais emblemático relacionado ao movimento a chegar à Justiça na . Depardieu, de 76 anos, negou as acusações, e seu advogado informou que ele vai recorrer da decisão. As informações são da agência Reuters.
Com mais de 200 filmes ao longo de cinco décadas — entre eles Green Card, O Último Metrô e Cyrano de Bergerac —, Depardieu é uma das maiores figuras do cinema francês.

Uma das vítimas, Amélie K., de 54 anos, decoradora de set, relatou que, em 2021, o ator a imobilizou entre suas pernas, a apalpou por todo o corpo e fez comentários sexuais explícitos. “Fiquei apavorada. Ele ria”, disse ela no tribunal.
Depardieu afirmou que não considerava colocar a mão nas nádegas de alguém como agressão sexual e alegou que algumas mulheres se chocam com facilidade. Ao anunciar a sentença, o juiz Thierry Donard declarou: “Ele não parece compreender o conceito de consentimento nem os efeitos nocivos e traumáticos de seu comportamento”.
O ator, que não esteve presente no julgamento, foi incluído na lista oficial de criminosos sexuais. Ele já estava no centro do debate sobre assédio no meio artístico francês, à medida que novas denúncias de violência sexual contra ele surgiam.
Para Amélie K., a condenação de Depardieu é verdadeiramente uma vitória e um avanço. “Estamos progredindo”, afirma.

Além desse caso, a promotoria quer que Depardieu seja julgado por acusações de estupro feitas pela atriz Charlotte Arnould, de 29 anos, que declarou não poder mais permanecer em silêncio. Ao todo, mais de uma dúzia de mulheres o acusaram de violência sexual, embora nem todas tenham registrado queixa formal.
Depardieu sempre negou as acusações. “Nunca, absolutamente nunca abusei de uma mulher”, escreveu em uma carta publicada no jornal francês Le Figaro em outubro de 2023.
O julgamento evidenciou um conflito geracional em relação ao que é considerado abuso sexual na França. Durante a investigação, 50 personalidades francesas, inclusive Carla Bruni, esposa do ex-presidente Nicolas Sarkozy, criticaram o que chamaram de “linchamento” do ator.
Fonte: revistaoeste