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Educação

Descubra por que repetimos padrões de comportamento, segundo a psicanálise

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Você já teve a sensação de que, apesar de todos os esforços, certas situações da sua vida parecem se repetir? Como se estivesse preso em um loop, revivendo os mesmos desafios, especialmente em suas interações com os outros? Essa experiência é mais comum do que imaginamos e, muitas vezes, está ligada a padrões internos que desconhecemos.

Por que repetimos os mesmos padrões na vida?

A psicanálise, desde os primórdios com Freud, nos ensina que grande parte do nosso comportamento é influenciada por processos inconscientes. Experiências passadas, especialmente as da infância, moldam como percebemos o mundo e reagimos a ele.

Essas “inscrições” psíquicas podem nos levar a repetir padrões de relacionamento ou de enfrentamento de problemas que, embora tenham sido funcionais em algum momento, hoje nos impedem de crescer e de sermos autênticos. É como se o psiquismo, buscando o que lhe é familiar, nos guiasse por caminhos já percorridos, mesmo que dolorosos.

Silhueta de um rosto feminino com fotos antigas sobrepostas, retratando uma família. A imagem mistura memórias de infância, relações familiares e herança emocional, simbolizando o impacto do passado na formação da identidade e nos padrões inconscientes.
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Em sua teoria, Lacan destaca que o Outro (as figuras significativas em nossa vida, a cultura, a linguagem) constitui nosso desejo e molda a forma como nos apresentamos ao mundo, mostrando quanto as expectativas e os olhares externos influenciam nossas atitudes.

Consideremos o exemplo de um Cliente que, ao narrar uma situação recente, percebeu estar revivendo um comportamento de esquiva diante de um possível confronto, um padrão que ele identificava em outras áreas de sua vida e que o deixava insatisfeito.

Essa repetição, embora incômoda, revelava um mecanismo de defesa, uma forma antiga de lidar com a ameaça percebida do conflito. Outro exemplo clássico na teoria psicanalítica é o complexo de Édipo, onde os padrões de relacionamento com as figuras parentais podem ser repetidos inconscientemente na vida adulta, influenciando a escolha de parceiros e a dinâmica das relações.

Silhueta de um rosto humano com memórias impressas, incluindo figuras familiares, uma criança brincando e cenas antigas. A composição simboliza o impacto do passado, relações familiares e experiências da infância na construção da identidade e padrões inconscientes.
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Como identificar e mudar padrões repetitivos?

A percepção desses padrões repetitivos é o primeiro passo para a transformação. É um momento de insight, de “ver” a si de uma nova perspectiva. Esse autorreconhecimento pode gerar surpresa e até um certo estranhamento: “Eu faço isso?”.

É um processo contínuo, como aponta Jung em sua exploração do processo de individuação, a jornada de se tornar um indivíduo unificado e completo, integrando as diferentes partes da psique, inclusive a sombra (aqueles aspectos de nós mesmos que negamos ou reprimimos).

O Cliente, ao se dar conta desse padrão de esquiva, percebeu o quanto estava “overthinking” (remoendo) a situação, criando cenários hipotéticos negativos. Esse insight não veio do nada, mas de um processo de reflexão e da capacidade de se ver refletido na experiência de outra pessoa, uma amiga que também se perdia em preocupações excessivas sobre a reação alheia. Essa identificação permitiu um distanciamento necessário para a autopercepção.

A partir desse ponto, a tendência não é mais se sentir à vontade em repetir o antigo comportamento, mas sim em buscar uma nova forma de agir. A energia que antes era gasta na manutenção da máscara ou na evitação do conflito pode ser redirecionada.

Figura humanóide sentada em um sofá, com postura introspectiva e mãos no rosto. Ao fundo, círculos concêntricos representam padrões psicológicos repetitivos, simbolizando reflexão, processos inconscientes e autoconhecimento em um contexto de transformação pessoal e psicanálise.
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O que acontece quando mudamos nossos comportamentos repetitivos?

Quando nos permitimos ser mais autênticos, a vida parece “desempacar”. Coisas que estavam paradas começam a fluir, em um verdadeiro efeito dominó. Essa liberação de energia psíquica impulsiona mudanças em diversas áreas.

No caso do Cliente, a resolução de uma questão burocrática importante pareceu abrir caminho para outras conquistas, desde decisões financeiras significativas, como a compra de um carro de família, até a adoção de hábitos mais saudáveis, como uma rotina consistente de exercícios físicos.

Silhueta de uma pessoa acorrentada, com correntes se rompendo e energias explosivas em verde e amarelo ao fundo, simbolizando a libertação de padrões limitantes, transformação interna e o despertar do potencial humano para a autenticidade e evolução pessoal.
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Essa transformação também se reflete nos relacionamentos mais próximos. A sugestão de “se conhecerem de novo” em um relacionamento duradouro, deixando de lado as projeções e expectativas construídas ao longo do tempo, ilustra a possibilidade de redescobrir o outro e a si dentro da relação.

É um convite à liberdade de ser quem realmente se é, sem a obrigação de manter um papel predefinido. Essa autenticidade mútua fortalece a conexão e permite uma comunicação mais profunda e sincera.

Em essência, a jornada do autoconhecimento é um processo de libertação. Ao pararmos de nos obrigar a ser de um certo jeito, ditado por medos ou expectativas externas, permitimos que nosso potencial se manifeste plenamente.

Figura humana se libertando de correntes, com explosões de luz azul e amarela ao fundo e fragmentos de pedra caindo. A imagem representa a quebra de padrões limitantes, simbolizando transformação, autoconhecimento e superação de barreiras internas e emocionais.
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Não se trata de alcançar um ideal de perfeição ou de estar “no topo”, mas de encontrar satisfação e plenitude no caminho percorrido, valorizando as próprias conquistas e a capacidade de viver de forma mais alinhada com a própria verdade. A terapia oferece um espaço fundamental para essa exploração, auxiliando na identificação e ressignificação dos padrões que nos limitam, abrindo espaço para uma vida com mais liberdade e bem-estar.

Fonte: fashionbubbles

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