O novo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz Maciel (PDT), reuniu-se pelo menos uma vez com representantes de organizações atualmente investigadas por desviar R$ 6,3 bilhões de aposentadorias e pensões. Ele assumiu o cargo depois da demissão de Carlos Lupi, nesta sexta-feira, 2, em decorrência do escândalo do INSS.

Segundo o portal Poder360, a reunião ocorreu em 11 de julho de 2023, quando Wolney ainda ocupava o cargo de secretário-executivo da pasta. Ele se encontrou com dirigentes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), entidade apontada pela Controladoria-Geral da União (CGU) como a que reteve o maior montante de valores dos beneficiários do INSS por meio de descontos não autorizados.
A Contag também lidera o número de reuniões com membros do governo Lula entre as associações investigadas. Representantes da entidade participaram de 13 dos 15 encontros oficiais mapeados pelo Poder360 em órgãos ligados a benefícios previdenciários.
Procurados pelo portal, o Ministério da Previdência Social e a Contag não se pronunciaram até o momento sobre o encontro.

Desde o início do atual governo, integrantes do Ministério da Previdência Social, do Ministério do Desenvolvimento Social e do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) participaram de ao menos 15 reuniões com organizações investigadas pela Polícia Federal por descontos indevidos em aposentadorias e pensões. Oito encontros ocorreram em 2023, cinco em 2024 e dois já em 2025.
Entre os presentes em algumas dessas reuniões estiveram os ex-ministros Carlos Lupi (Previdência) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social), além do ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que deixou o cargo em 23 de abril de 2025, após deflagração da operação Sem Desconto.

As organizações investigadas são:
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- , anteriormente denominada Associação Brasileira dos Servidores Públicos (ABSP);
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Essas instituições são alvo da operação Sem Desconto, que apura suspeitas de fraudes em cobranças mensais nos benefícios de milhões de segurados do INSS.
O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi) também aparece na lista de investigados e participou de reunião na sede do INSS, em Brasília, em 21 de julho de 2023. Representado por Tonia Galetti, coordenadora do Departamento Jurídico, o sindicato se encontrou com o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.
O Sindnapi tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Lula.

A auditoria conduzida pela CGU, concluída em setembro de 2024 e divulgada em abril de 2025, revelou que 97,6% dos aposentados e pensionistas do INSS tiveram descontos não autorizados em seus benefícios para pagamentos a entidades sindicais e associativas.

A apuração foi baseada em entrevistas com 1.273 beneficiários entre abril e julho de 2024, em todos os estados brasileiros. Desses, 96% afirmaram não fazer parte de nenhuma associação.
A CGU detectou uma escalada nos valores retidos: em 2022, os descontos somaram R$ 706,2 milhões; em 2024, saltaram para R$ 2,8 bilhões — mais do que o triplo. O número de solicitações para cancelamento desses descontos também disparou, alcançando 192 mil registros apenas em abril de 2024.
O levantamento do Poder360 analisou 739 mil registros de agendas de autoridades federais entre janeiro de 2023 e março de 2025. Os dados foram filtrados para identificar encontros com representantes das entidades investigadas.
Foram consideradas agendas do Ministério da Previdência Social, do Ministério do Desenvolvimento Social — que responde pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC) — e do INSS. Há possibilidade de outros encontros não registrados oficialmente ou com erros de digitação não terem sido contabilizados.
Fonte: revistaoeste