Sophia @princesinhamt
Agronegócio

Mulher supera câncer e se destaca na produção de pimentas picantes

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É no Sítio Novos Ares, em Jangada, que a paixão pelo campo é capaz de superar qualquer obstáculo. A produtora Dagomar Rockenbach, já foi uma das maiores produtoras de hortaliças do município, mas após ser diagnosticada com câncer, precisou reduzir o tempo de trabalho. Sem a hipótese de ficar parada sem trabalhar, investiu no cultivo de pimentas ardidas e se tornou referência. 

Pimenta-malagueta, habanero, pérola-negra e até mesmo a scorpion, considerada uma das três mais ardidas do mundo, fazem parte da produção da Dagomar. 

A vinda da agricultura para a propriedade foi há quatro anos. Sempre em busca de trabalho, já foi chefe de cozinha durante sete anos em Santa Catarina e até pelo Rio de Janeiro já percorreu. 

Por ser mãe solo de quatro filhos, a preguiça nunca existiu na sua caminhada.

“Espero que aqui seja a minha última morada, não tenho intenção nenhuma de sair daqui. É um lugar especial para mim”, conta ao Senar Transforma desta semana. 

Dos quase 200 hectares da propriedade, a produtora sobrevive com a renda do que produz, em apenas um hectare. Uma parte do sítio, é arrendada para arcar com os custos dos estudos dos filhos. 

“Quando eu decidi vir morar aqui, não tinha nada. Consegui arrumar a casa e vim embora trazendo a minha mudança. Eu tinha R$ 30 para investir, cerquei um hectare e segui. Meu compadre, é técnico agrícola e me ajudou com dois canteiros bem adubados e um dia começamos a plantar”, diz. 

De início o plantio era só de rúcula e como a abundância da hortaliça era muita, resolveu doar a uma tia que tem um restaurante. “Quando ela falou pra mim que queria mais e que iria comprar de mim, eu falei ‘taí’. Vou trabalhar com uma horta”. 

Ao enxergar a oportunidade, o cultivo que seria para subsistência, se tornou comercial. Da rúcula, a produção se expandiu para batata doce, mandioca, abóbora. 

Após um ano, a Técnica de Campo do Senar Mato Grosso da ATeG Olericultura, Manoela Albino, chegou para somar no sítio da Dagomar. 

Virada de chave com assistência técnica 

Quando Manoela chegou ao sítio da Dagomar a produção foi aumentando e a comercialização chegou às feiras e supermercados. 

“Eu comecei a plantar com mais facilidade porque a gente vai aprendendo técnicas que facilitam o nosso trabalho”, comenta a produtora. 

Manoela conta ao Dia de Ajudar Mato Grosso que o começo foi desafiador e seu maior medo, era não conseguir dar o devido suporte na propriedade. A alternativa foi trabalhar com a agricultura de baixo custo.

Nos primeiros seis meses de trabalho da técnica, a cobertura de solo já foi trabalhada na propriedade da Dagomar. 

“A cobertura de solo diminui a irrigação, ataque de pragas e doenças porque abafa a população de daninhas que é um abrigo mas compete por nutrientes com as plantas”, conta Manoela. 

De início eram 30 canteiros e com o tempo, esse número multiplicou por cinco, chegando a 150 canteiros de hortaliças. A técnica de campo da ATeG Olericultura explica que apesar de ser a maior produtora da região, não atendia a demanda. 

A solução foi eliminar alguns canteiros e cultivar mais onde teria retorno para a Dagomar. A produção então, foi proporcional ao aumento financeiro dela. “Reduziu custos e aumentou a produtividade e ela precisou ver para crer”. 

Foi então que no auge da atividade, com os 150 canteiros produzindo bem e trazendo renda para a produtora, uma notícia inesperada tornou ainda mais emblemática a força e determinação da Dagomar. 

“Veio a notícia do câncer de mama e eu tive que dar uma freada. No início eu conseguia trabalhar mesmo fazendo os exames e a Manoela chegou para mim e disse que em algum momento eu teria que parar. Mas parar para mim não era uma opção”. 

Superação diante dos obstáculos

A permanência no campo exigiu mudanças e adaptações, mas apesar disso, o trabalho tem dado muito certo e os resultados, são surpreendentes.

Quando recebeu o diagnóstico médico e soube que o tratamento não seria tão simples, a Dagomar precisou rever a rotina puxada de quem cuidava sozinha de 150 canteiros de hortaliças. 

Três vezes na semana a produtora ia para a cidade vender de porta em porta seus produtos e aos sábados, vendia na feira. Além disso, ia duas vezes ao supermercado fazer as entregas das hortaliças. 

Apesar de entender que era preciso colocar um pé no freio, ela não aceitou interromper o trabalho no campo. Foi então que a técnica de campo do Senar Mato Grosso, trouxe uma solução para o entrave. 

Dagomar conta que a Manoela sugeriu mudar de cultura e focar na produção de pimentas. 

Na época, a técnica de campo explicou para a agricultora que no auge do tratamento de câncer, a pimenta estaria produzindo e que não precisaria de tanto esforço, como as hortaliças. “Vou seguir os conselhos da nossa técnica e vou mudar”. 

De acordo com a técnica da ATeG Olericultura, o manejo da pimenta não deve ser feito em alta temperatura e sim, em um horário mais fresco do dia. Indo de encontro com a situação de Dagomar que não podia pegar mais sol. 

“Eram para ser até cinco canteiros e hoje temos mais que isso. Nós temos aqui cerca de 20 variedades de pimentas e hoje, ela está se tornando a maior produtora de pimentas ardidas da região. O que ela faz hoje, foi a solução para não parar de produzir. Essa é a empresa dela, então não podia parar”, conta Manoela. 

A pimenta deu um retorno melhor que as hortaliças. 

“Uma semana de pimenta equivale a praticamente 15 dias de ciclo das hortaliças. É uma feliz surpresa ver que a alternativa secundária, vem se tornando a principal fonte de renda dela. A gente não vende só em natura e no quilo, vende na grama e em conserva. Tudo é comercializado em Cuiabá porque a competitividade e preços são melhores”. 

Atualmente a propriedade possui 150 pés de pimentas que produzem, em média, 40 quilos por semana. O quilo vendido in natura gira em torno de R$ 40. Em conserva, varia de R$ 15 a R$ 20. 

Já a pimenta desidratada é comercializada em pequenos potes, com 20 gramas do produtos a R$ 6 cada. 

Na colheita, os pés de pimentas chegam a um quilo do produto.

Novos projetos para um novo estilo de vida

A clientela da Dagomar, aumentou e atende a demanda. Os novos projetos para o futuro é o aumento da produção das pimentas. O próximo passo, é a produção de geléias de pimentas com alguma fruta.

A expansão agora, conforme Manoela, será para o plantio de pitaya. 

“Eu estou feliz e estou no lugar e na hora certa. Estou onde eu gostaria de estar. Isso aqui é o meu refúgio, meu paraíso e sou muito feliz aqui. Amo esse lugar”.  

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Fonte: canalrural

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