– Aprovada por maioria na Câmara de Vereadores de Cuiabá, uma moção de repúdio apresentada pelo vereador Dilemário Alencar (União Brasil), líder do prefeito Abílio Brunini (PL), contra deputados estaduais que votaram a favor da instalação de mercadinhos em presídios de Mato Grosso provocou uma série de reações negativas no Legislativo municipal.
Na sessão desta quinta-feira (17), o assunto dominou os discursos e gerou críticas de colegas de parlamento, que acusaram o vereador de oportunismo e exibicionismo político.
A proposta de Dilemário, aprovada na terça-feira (15), foi uma resposta à decisão da Assembleia Legislativa de derrubar o veto do governador Mauro Mendes (UB) ao artigo 19 da lei que proibia o funcionamento dos mercadinhos nas unidades prisionais. Embora a votação dos deputados tenha ocorrido de forma secreta, a moção mencionou nominalmente apenas o deputado Lúdio Cabral (PT), gerando acusações de seletividade e motivação política.
Durante o debate, o vereador Ildefonso Taques, o Ilde Taques (PSB), foi um dos mais incisivos. Em tom de indignação, ironizou a atuação de Dilemário. “Eu vou trazer um nariz de palhaço. Você gosta de se aparecer cada vez mais. Levou essa Casa ao ridículo. Em 20 anos de Assembleia, nunca vi um deputado falar mal da Câmara de Cuiabá. Aqui já foi chamada de ‘Casa dos Horrores’, e mesmo assim, sempre houve respeito”, disparou o parlamentar.
Na mesma linha, o vereador Adevair Cabral (Solidariedade) sugeriu que Dilemário também apresente uma moção contra o desembargador Orlando Perri, que é um dos principais defensores da implementação dos mercadinhos. “Se for coerente, que faça moção contra o Perri também”, ironizou.
A vereadora Katiuscia Mantelli (PSB) ponderou sobre a independência dos poderes e alertou para o precedente perigoso que a moção representa. “Todos os parlamentares, seja no município, estado ou na União, têm legitimidade para votar como quiserem. Quando esta Casa repudia uma votação de outra, abre espaço para que nossas decisões também sejam alvo de repúdio”, afirmou.
Diante das críticas, Dilemário se defendeu. Aos gritos, afirmou que a Câmara apenas ecoou a indignação da população cuiabana. “Não estou batendo boca com deputado nenhum. Quem está cobrando são os cuiabanos. É só ligar a televisão ou entrar nos sites. O povo está revoltado com voto secreto que beneficia a bandidagem”, disse.
O vereador ainda desafiou os deputados estaduais a revogarem a decisão. “Se revogarem essa votação, eu retiro a moção de repúdio e apresento uma de aplausos. Simples assim”, afirmou.
Fonte: odocumento