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Reino Unido recupera controle de siderúrgica britânica em meio a disputa com China

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O Parlamento do Reino Unido aprovou no sábado 12, por aclamação, um projeto de lei que retira do grupo chinês Jingye o controle sobre a siderúrgica British Steel. Aprovado sem necessidade de contagem de votos na Câmara dos Comuns, o texto transfere aos ministros britânicos o comando da última fabricante nacional de aço primário.

A medida era defendida pelo primeiro-ministro, Keir Starmer, do Partido Trabalhista. A informação foi divulgada pela agência Bloomberg.

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A crise na British Steel ganhou força nos últimos dias, diante da preocupação de que a Jingye estaria se preparando para desativar fornos deficitários. A medida colocaria em risco milhares de empregos e poderia deixar o berço da Revolução Industrial como o único país do G7 sem produção ativa de aço primário, relata o jornal O Globo.

Segundo denúncias de sindicatos, a Jingye cancelou pedidos de insumos cruciais, como minério de ferro e carvão coqueificável, o que indica um possível fechamento iminente da planta de Scunthorpe. A paralisação provocaria danos permanentes e altos custos de reparo. Os altos-fornos, afinal, precisam operar continuamente.

A Jingye já havia recusado, no último mês, uma proposta de resgate do governo britânico no valor de £ 500 milhões (aproximadamente € 650 milhões). O governo Starmer convocou extraordinariamente o Parlamento, mesmo durante o recesso de Páscoa — algo que aconteceu apenas 35 vezes desde 1948, sendo a mais recente em 2021, durante a crise no Afeganistão. Tudo por causa da relevância deste impasse.

O Secretário de Negócios, Jonathan Reynolds, afirmou, como primeiro a falar no debate, que a empresa chinesa rejeitou propostas razoáveis e passou a se recusar a manter o fornecimento de matérias-primas para os altos-fornos Para ele, ficou claro que a intenção era encerrar de forma unilateral e irreversível a produção primária de aço na British Steel.

A proposta, em forma de legislação emergencial, segue para a , que tradicionalmente funciona como casa revisora, sem poder de bloqueio efetivo. Com isso, a transformação do projeto em lei é praticamente uma certeza a ser concretizada ainda neste fim de semana.

Com a nova legislação, o secretário Reynolds passará a ter autoridade direta sobre operações e funcionários da British Steel. Poderá ordenar a compra de insumos e garantir o funcionamento da planta de Scunthorpe — última no país a produzir aço a partir de matéria-prima.

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O projeto não define um prazo para o término da permanência de Reynolds. Ele afirmou que a nacionalização completa da empresa ainda está em análise e é uma possibilidade.

O Departamento de Negócios e Comércio do explicou, em nota, que a legislação permitirá inclusive a reintegração de trabalhadores demitidos por desafiar ordens da empresa chinesa com o objetivo de manter a produção.

Os recursos para sustentar as operações, de acordo com o Departamento de Negócios e Comércio, virão de um fundo de £ 2,5 bilhões voltado à indústria do aço.

Procuradas pela Bloomberg, a Jingye e a British Steel não comentaram o caso.

Em outras ocasiões, Londres já havia tomado medicas contra investimentos chineses em setores estratégicos. Em 2022, o governo britânico comprou a participação da estatal China General Nuclear Power Corp. na usina nuclear de Sizewell C. O gigante Huawei também foi excluído do fornecimento de tecnologia para a rede 5G britânica.

A indústria siderúrgica britânica já enfrentava sérias dificuldades mesmo antes da imposição de tarifas de 25% às importações de aço pelo presidente norte-americano Donald Trump. Os altos-fornos de Port Talbot foram desativados em 2024. Agora, o possível colapso da British Steel deixa ameaçados cerca de 3,5 mil empregos em Scunthorpe e Teesside, no norte da Inglaterra.

Fonte: revistaoeste

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