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DNA antigo do Saara revela os antigos habitantes do deserto verde há 7 mil anos

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A região rochosa de Takarkori, no sudoeste da Líbia, é marcada por infinitos tons de bege. As dunas de areia do Saara, o maior deserto quente do mundo, se estendem pelo horizonte até onde o olho consegue ver. Mas nem sempre foi assim. Só 7.000 anos atrás, a área era bem diferente, com muita vegetação e habitada por pessoas que provavelmente viviam uma vida pastoril.

Cientistas sequenciaram os primeiros genomas completos dos habitantes do “Saara verde”, a partir de amostras de duas mulheres que foram enterradas no sítio arqueológico de Takarkori há sete milênios. Com essa informação genética detalhada, os pesquisadores conseguem entender melhor como viviam essas pessoas.

A área era uma savana verde com árvores, lagos permanentes e rios grandes o suficiente para providenciar um bom habitat para animais como hipopótamos e elefantes até cerca de 5.000 anos atrás. Se estava bom para os hipopótamos, também estava bom para pequenas comunidades de humanos, claro. Pelo menos 15 mulheres e crianças foram encontradas enterradas na região de Takarkori.

 

Os cientistas acreditam que os habitantes da região se alimentavam de peixes e pastoreavam ovelhas e cabras. As descobertas foram divulgadas num artigo na Nature.

DNA revela comunidade antissocial

As informações genéticas sobre as pessoas que moravam no Saara verde vieram de dois esqueletos com pele, tecidos e ligamentos bem preservados, descobertos em 2003. Recuperar DNA é bem difícil, como dá para perceber pelo período de 22 anos entre descoberta dos esqueletos e sequenciamento do genoma. É a primeira vez que pesquisadores conseguem fazer isso com restos humanos encontrados em uma área tão árida e quente.

O DNA mostra que esses indivíduos fizeram parte de uma população isolada de uma linhagem que era conhecida pelos pesquisadores. Eles devem ter ocupado a região durante dezenas de milhares de anos, provavelmente tendo chegado em Takarkori 50 mil anos atrás. É difícil dizer de onde vieram, porém, porque eles não tem ligação genética alguma com as pessoas que viviam na África Subsaariana na época.

Fotografia de uma múmia natural de 7.000 anos encontrada no abrigo rochoso de Takarkori (Individual H1) no sul da Líbia.
(Archaeological Mission in the Sahara/Universidade Sapienza de Roma/Reprodução)

É muito incomum encontrar um DNA tão isolado, sem muita mistura genética. O isolamento provavelmente significa que a região não era uma rota de transporte e migração frequente. Apesar disso, a prática de pastorear animais provavelmente foi adquirida a partir do intercâmbio cultural com outros povos, mesmo sem muito intercâmbio genético.

Fonte: abril

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