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Carta ao Leitor: Um planeta melhor

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No próximo dia 15 de novembro, segundo estimativa da ONU, o planeta chegará a 8 bilhões de habitantes. O crescimento da população mundial é algo inseparável da própria aventura do ser humano sobre a Terra — em um balé de avanços promovidos pela tecnologia, com o aumento da longevidade e recuos provocados pelas imensas desigualdades sociais, embebidas de miséria. O primeiro bilhão foi alcançado em 1800. Foram precisos 130 anos para bater os 2 bilhões, em 1930. De lá para cá, contudo, houve aceleração vertiginosa de nascimentos, com salto de 1 bilhão para cada janela de doze a catorze anos. Agora, porém, a curva percorrida pela humanidade é outra: o que se anuncia em horizonte próximo para padrões demográficos é a redução no ritmo de expansão. A marca dos 9 bilhões deve ser alcançada dentro de quinze anos. A de 10 bilhões será anotada duas décadas depois, em torno de 2058.

De bilhão em bilhão, enquanto a população explodia, os alarmistas de plantão se preocupavam com os indesejados efeitos de tamanho aglomerado, a começar pelo mais básico — a sobrevivência. Haveria comida para alimentar tantas bocas? Pois o tempo passou, o mundo girou, e de forma tão radical, que, nos tempos atuais, um outro começa a preocupar: o encolhimento de nações mais ricas, no avesso do que ocorre em regiões pobres. A freada da população onde há prosperidade impõe desafios imediatos: como fazer a manivela da economia se mover com menos braços? A resposta é a engenhosidade humana, com descobertas científicas capazes de aumentar a e, junto dela, a qualidade de vida dos indivíduos e a sustentabilidade do próprio planeta — este, um dos temas centrais da COP27, realizada no Egito.

A rigor, vive-se uma contradição: o receio de a economia tropeçar onde a taxa de natalidade é pequena ou mesmo negativa e, a um só tempo, o risco de países populosos em demasia afundarem na insegurança alimentar e no desemprego. Como sempre, a resposta está no meio do caminho — e é essa a janela de oportunidade da civilização. Se em muitos lugares, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos, foi possível enriquecer para depois envelhecer, em franjas paupérrimas, como na África, a sociedade não se modificou a ponto de romper o ciclo de pobreza. Nas duas pontas é possível corrigir o caminho a seguir. Onde há riqueza e pouca gente, cabe encontrar atalhos para que a modernidade compense a redução populacional. Na outra ponta, convém multiplicar programas educacionais que possam frear a explosão populacional e, mais do que isso, equacionar questões básicas para uma existência digna. Não há respostas fáceis, mas o fundamental é que andemos para a frente, com a melhora dos indicadores. Há pouco mais de vinte anos, quando o bebê de número 6 bilhões veio ao mundo, a mortalidade infantil era de 76 para cada 1 000 nascimentos. Hoje, chegou a 37 para cada 1 000. É excelente notícia para um planeta que, se bem cuidado, tem tudo para se tornar um excepcional para viver.

Publicado em VEJA de 16 de novembro de 2022, edição nº 2815

Fonte: Veja

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