PolĂ­tica

Juristas apontam fragilidades na denĂșncia da PGR contra Bolsonaro

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Especialistas em Direito consideram frĂĄgil a ligação entre Jair Bolsonaro e os atos de 8 de janeiro de 2023, conforme denĂșncia da Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR). Segundo os juristas ouvidos pelo portal UOL, faltam evidĂȘncias concretas que sustentem a acusação.

O procurador-geral da RepĂșblica, Paulo Gonet, ao acusar Bolsonaro e mais 33 pessoas, afirmou que o ex-presidente liderou uma organização que “fomentou e facilitou” as manifestaçÔes. A acusação de Gonet avança alĂ©m das investigaçÔes da PolĂ­cia Federal, que nĂŁo incluĂ­ram os crimes de 8 de janeiro de 2023 em seu relatĂłrio final.

Davi Tangerino, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), afirma que não hå elementos suficientes para provar coordenação direta de Bolsonaro nos atos, embora ele provavelmente soubesse do que ocorria e pudesse se beneficiar de uma ruptura democråtica.

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“Não vi nada que apoiasse a ideia de que ele, diretamente, coordenou, determinou, o 8 de janeiro”, disse Tangerino, destacando a fragilidade do elo apontado entre o ex-presidente e os eventos.

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O Tenente-Coronel Mauro Cid Teria Mudado Sua Delação TrĂȘs Vezes | Foto: Geraldo Magela/AgĂȘncia Senado

ThaĂ­s Bandeira, advogada criminalista, afirma que a conexĂŁo feita na denĂșncia se apoia principalmente na delação de Mauro Cid, um aspecto visto como “vulnerĂĄvel”. A especialista destaca que confiar em delaçÔes de rĂ©us colaboradores Ă© controverso no Brasil, pois envolve acreditar em alguĂ©m que tambĂ©m estĂĄ implicado no crime.

Gonet usou mensagens trocadas entre Bolsonaro e o major MaurĂ­cio Pazini BrandĂŁo como pretensa prova de ligação. Em 2 de janeiro de 2023, Bolsonaro recebeu mensagem indicando que o “plano foi complementado com as contribuiçÔes da sua equipe”.

Ainda assim, nĂŁo hĂĄ prova de que Bolsonaro tenha respondido a tais mensagens. No dia da manifestação na Praça dos TrĂȘs Poderes, Bolsonaro estava nos Estados Unidos, argumento utilizado por ele e sua defesa para se desvincular da liderança dos eventos.

A PGR utilizou a “teoria do domĂ­nio do fato” para associar Bolsonaro aos atos, uma abordagem semelhante Ă  usada no caso do MensalĂŁo. Essa teoria pressupĂ”e que uma pessoa em posição de poder tem controle sobre a ação criminosa, mesmo sem participação direta.

“O discurso encontrado na sala de Jair Messias Bolsonaro reforça o domĂ­nio que este possuĂ­a sobre as açÔes da organização criminosa”, destaca a denĂșncia.

Vinicius Vasconcellos, professor de direito da Universidade de SĂŁo Paulo (USP) e do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), lembra que essa teoria foi criticada no MensalĂŁo por presumir que lĂ­deres de organizaçÔes tĂȘm pleno conhecimento e controle sobre os atos de seus subordinados.

Contudo, Vasconcellos diz que a acusação da PGR seria “adequada” nesta fase inicial do processo, onde se busca indicar indĂ­cios de autoria. A 1ÂȘ Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) ainda analisarĂĄ a aceitação da acusação.

ThaĂ­s Bandeira avalia que, apesar das fragilidades, a denĂșncia possui elementos mĂ­nimos para ser aceita. Ela destaca que novas provas poderĂŁo ser produzidas durante o processo, incluindo testemunhos que a PGR pretende colher para corroborar a delação de Mauro Cid.

Fonte: revistaoeste

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