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Ciência & Saúde

Descubra por que a Austrália possui animais tão peculiares e únicos

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A primeira coisa que vem à mente quando você pensa na Austrália é (provavelmente) algum animal único. Cangurus, coalas, ornitorrincos e equidnas só existem nesse país. Em outras palavras, eles são endêmicos da Austrália. A eles se juntam os insetos gigantes, que ocupam a palma da mão inteira, e alguns mamíferos fofos – como o quokka, que parece estar constantemente sorrindo.

Ao redor do mundo, é comum que as espécies existam em mais de um país. Os animais, afinal, não conhecem fronteiras territoriais. Os bichos típicos da Amazônia brasileira, por exemplo, também podem existir nos outros oito países que abrigam a maior floresta tropical do mundo. O que os impede de atravessar de uma região para outra são limites físicos: rios, montanhas ou mudança de clima e ecossistema.

Graças à possibilidade de circulação por um grande território, os animais do continente tendem a ser mais ou menos parecidos entre si. Pegue os grandes felinos como exemplo: existem tigres na Ásia, onças na América do Sul e leões na África. Todos com cara de gatões. 

A Austrália, por sua vez, não faz fronteira terrestre com nenhum outro país. Seu território é considerado um continente de um país só, cercado por água de todos os lados. Isso não só impede os animais de transitarem entre outros países, mas também cria condições específicas de seleção natural para que os animais evoluam de maneiras diferentes do resto do mundo.

A biogeografia é a ciência que estuda a distribuição geográfica dos seres vivos, e como o ambiente influenciou suas características e evolução. Nessa área de pesquisa, sabe-se que o isolamento insular – ou seja, ficar “preso” em uma ilha – promove algumas tendências evolutivas. Embora a Austrália seja muito grande para ser considerada uma ilha, padrões semelhantes podem ser encontrados por lá.

Fotografia de um quokka.
Fotografia de um quokka (Philipp Boettcher/Getty Images)

Os marsupiais fazem a festa

Houve uma época em que todos os continentes estavam juntos em uma única massa terrestre, chamada Pangeia. A Austrália ficava grudada na Antártica, permitindo a circulação de animais por todas as regiões ao longo de milhões de anos.

Graças à movimentação das placas tectônicas, a Austrália se separou do continente gelado há 53 milhões de anos. Os animais que já estavam lá continuaram lá – e quem não entrou não entra mais. Os grandes felinos, que existem no resto do globo, só surgiram por volta de 25 milhões de anos atrás. Ou seja: nunca conheceram o continente australiano.

Quem se deu bem por lá foram os marsupiais, que surgiram por volta de 125 milhões de anos atrás. Diferente dos animais placentários, como os humanos, o último estágio de desenvolvimento do embrião marsupial ocorre em uma “bolsa” no corpo da mãe. Na natureza, esses animais competem pelo mesmo nicho ecológico que os mamíferos placentários.

Só que não havia muitos mamíferos placentários na época em que a Austrália se separou (eles surgiram por volta de 65 milhões de anos atrás). O continente australiano, então, foi dominado pelos marsupiais. A ausência de predadores e competição por comida permitiu que os mamíferos com bolsa evoluíssem de maneira única, ocupando nichos que seriam dos placentários no resto do mundo.

Alguns exemplos desses animais são os cangurus, coalas, diabos-da-tasmânia, quokkas e vombates. O país já abrigou um animal chamado “tigre-da-tasmânia”, que hoje está extinto. Apesar do nome e aparência, ele não era um felino – e sim um marsupial que evoluiu as características tigrescas de forma independente.

Fotografia de um diabo-da-tasmania.
Fotografia de um diabo-da-tasmania. (gatito33/Getty Images)

Os únicos dois mamíferos que põem ovos

A mesma lógica vale para os monotremados, que você provavelmente conhece como mamíferos que põem ovos. O ornitorrinco e a equidna são os únicos animais que se encaixam nessa classificação. 

Os monotremados são ainda mais antigos que os marsupiais, surgindo por volta de 150 milhões de anos atrás. Hoje, eles só existem na Austrália e na ilha de Nova Guiné, que fica logo ao lado. Esses animais ainda guardam características de répteis e aves – como a cloaca, por onde saem os ovos e outros excrementos. Mas também já podem ser considerados mamíferos na linha evolutiva, por terem glândulas mamárias e útero, por exemplo.

Os monotremados são considerados “fósseis vivos”, por evidenciarem a evolução das espécies. Embora os marsupiais tenham se sobressaído em relação aos monotremados na Austrália, o ornitorrinco ainda persiste provavelmente por dominar o nicho aquático. Além disso, ele é um dos poucos mamíferos peçonhentos do mundo.

Vale lembrar que alguns animais placentários, como gatos, cães e outros animais domésticos, foram trazidos ao continente por humanos. A introdução de novas espécies, no entanto, pode desbalancear esse ecossistema único que se manteve isolado por tanto tempo.

Fotografia de uma equidna.
Fotografia de uma equidna. (Micheal Perrott/Getty Images)

Aranhas e insetos venenosos

Mais uma vez, a grande quantidade de aranhas venenosas na Austrália tem a ver com a separação do continente. Os artrópodes, filo que abrange insetos e aracnídeos, surgiram mais de 500 milhões de anos atrás. As linhagens de insetos e aranhas venenosas já existiam quando a Austrália se separou da Antártica, há 53 milhões de anos. Com a deriva continental, algumas delas ficaram isoladas do resto do mundo e se desenvolveram no continente.

As formigas do gênero Odontomachus (que têm uma picada dolorosa) existem na Austrália e em outros continentes porque evoluíram antes da deriva continental. Já as espécies da aranha-teia-de-funil são todas nativas da Austrália. Suas presas afiadas e venenosas são capazes de atravessar até unhas e sapatos.

Vale lembrar que nem todas as aranhas da Austrália são venenosas. A aranha-pavão, por exemplo, é uma espécie que usa seu corpo colorido para atrair fêmeas – como a ave que dá seu nome. Ela é nativa da Austrália e inofensiva para humanos.

Fotografia de uma aranha-pavão.
Fotografia de uma aranha-pavão. (Wikimedia Commons/Reprodução)

Fonte: abril

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