O arquivou a denúncia de suposta prática de racismo contra o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL). O Partido dos Trabalhadores (PT) de Sapucaia do Sul (RS) apresentou a acusação depois de o político celebrar a “mistura de raça” na cidade de Pomerode, no interior catarinense.
A declaração foi feita no dia 15 de janeiro, durante a cerimônia de abertura da 40ª Festa Pomerana, evento tradicional que celebra a cultura germânica na região do Vale do Itajaí. Na ocasião, Mello exaltou aspectos do município e mencionou a cor da pele dos moradores.
“Pomerode se destaca pela beleza turística que tem”, afirmou o governador. “Pelas casas de enxaimel, pela cor da pele das pessoas, pela mistura, pelo que representa para todos nós.”
Em seguida, Mello diz: “A gente tem muito orgulho em poder encher a boca pra dizer que essa mistura de raça, aqui em Santa Catarina, é que faz a diferença.”
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O MPF concluiu que a fala de Mello não teve caráter discriminatório. Conforme o órgão, não houve intenção de hierarquizar ou inferiorizar grupos.
“Nessas condições, não se tendo retratado, no episódio, nenhum gesto que se pudesse considerar voltado à dominação, repressão ou supressão de quaisquer dos grupos a quem se dirige a especial tutela do Estado, a hipótese é de arquivamento, por ausência de dolo”, afirma a decisão.
O parecer do MPF destacou que não houve “a ideia de hierarquizar grupos em detrimento de outros, muito menos diminuí-los ou eliminá-los”.
A decisão é do vice-procurador-geral da República, Hindemburgo Chateaubriand Filho. Ele reconheceu que, isoladamente, as falas de Mello poderiam gerar dúvidas, mas, no contexto geral, elas têm caráter discriminatório.
“São palavras que, embora possam, se lidas de forma isolada, traduzir alguma dúvida quanto à intenção de quem as proferiu, retomam o seu mais claro sentido, quando confrontadas com o discurso de que foram extraídas.”
Em suas redes sociais, o governador catarinense celebrou a decisão do MPF. Ele aproveitou para reafirmar que não é racista.
“Não tinha nenhum preconceito ali”, disse Mello. “Isso é sistemático. Tem uma turma aí que insiste em dizer que somos um Estado preconceituoso. É inveja porque crescemos, nos desenvolvemos, somos um exemplo para o Brasil.”
Fonte: revistaoeste