A irregularidade das chuvas tem atrapalhado o cronograma do plantio das lavouras de soja em municípios do Vale do Araguaia, em Mato Grosso. Agricultores temem, inclusive, risco de comprometimento da janela do milho segunda safra.
“Quem quiser garantir o milho, tem de fazer o plantio desse cereal até o dia 15 de fevereiro [de 2023]. Para garantir isso, tem de estar finalizando agora o plantio da soja. Não dá para depender apenas da safra de soja, que está hoje na casa de 55 a 57 sacas de custo”, considera o produtor e presidente do Sindicato Rural de Canarana, Alex Wisch.
Grande parte da lavoura cultivada está em fase de germinação e a má distribuição das chuvas torna-se outro desafio na fazenda. “Deu três, quatro dias de chuva, demos largada no plantio e semeamos metade da área, mas daí tivemos 15 dias sem chuva”, afirma o produtor Edemar Wisch. Segundo ele, as previsões meteorológicas para a região não estão muito favoráveis.
Irregularidade das chuvas
O presidente do Sindicato conta que algumas áreas da fazenda recebem cerca de 15 a 30 milímetros de chuva, o que ajuda a umedecer o solo. “Mas depois fica 20, 30 dias sem chuva [nesses espaços] e do lado, às vezes 500 metros, mil metros de distância, está chovendo. É uma irregularidade muito grande”.
Em outra propriedade da região, a baixa umidade e as altas temperaturas ameaçam o desenvolvimento das plantas nos primeiros talhões, que possuem baixa cobertura de palhada. Assim, para evitar riscos, o produtor Marcos da Rosa resolveu interromper a semeadura até as chuvas ficarem mais estáveis.
O município de canarana deve cultivar 340 mil hectares de soja nesta safra 22/23, segundo o Sindicato Rural. Pouco mais da metade da área já foi semeada. “Muitos dos que plantaram estão, agora, voltando com o replantio. Outros que estão plantando agora, caso fique sem chuva pelos próximos 15 dias, terá de replantar também. Tem produtores que ainda estão aguardando e não começaram o plantio”, ilustra Alex Wisch.
Produtores desistem da segunda safra
Em Nova Xavantina, também em Mato Grosso, o plantio da soja também está atrasado por falta de umidade. Tal morosidade compromete o período da janela considerada ideal para a semeadura do milho. Segundo o presidente do Sindicato Rural do município, Endrico Dalcin, muitos produtores desistiram de instalar o milho como segunda safra e estão optando por milheto, gergelim e outras alternativas.
“O prejuízo já está feito porque a segunda safra é muito importante na composição geral das receitas das fazendas. Temos acumulados nas fazendas em torno de 70, 80% [de chuva] somente entre os meses de setembro e outubro, o que é muito pouco”, afirma.
O agricultor Rosalino Moccelin conta que, pela irregularidade de precipitações, já descartou implantar o milho na segunda safra e vai apostar no milhete, que tem custo de instalação menor e, caso sofra com a falta de umidade, gera prejuízo menor ao produtor.
Fonte: canalrural