Em carta enviada à Conferência Episcopal dos Estados Unidos nesta terça-feira, 11, o papa Francisco expressou sua preocupação com as recentes políticas de deportação em massa adotadas pelo novo presidente do país, Donald Trump.
No documento, o pontífice faz um apelo aos bispos para que defendam a dignidade dos migrantes e condenem políticas que equiparam imigração ilegal à criminalidade.
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Segundo ele, a expulsão indiscriminada de imigrantes vulneráveis coloca “muitos homens e mulheres, e famílias inteiras, em um estado de particular vulnerabilidade e indefensabilidade”.
Francisco traça um paralelo entre a história do e a atual crise migratória. Ele lembra que o Êxodo “nos convida a olhar para a realidade do nosso tempo, claramente marcada pelo fenômeno da migração” e destaca a figura de “um Deus sempre próximo, encarnado, migrante e refugiado”.
Para o papa, a dignidade humana deve balizar a política
O papa rejeita o posicionamento de que a imigração irregular deve ser tratada como crime e argumenta que a dignidade humana deve ser o critério primordial para avaliar qualquer política pública.
“Uma consciência bem formada não pode deixar de fazer um julgamento crítico e expressar seu desacordo com qualquer medida que tacitamente ou explicitamente identifique o status ilegal de alguns migrantes com criminalidade”, escreveu.
Ainda que reconheça o direito de um país proteger suas fronteiras e garantir a segurança da população, Francisco alerta que isso não pode ser feito à custa da dignidade de pessoas que já enfrentam extrema vulnerabilidade.
“A deportação de pessoas que, em muitos casos, deixaram sua própria terra por razões de pobreza extrema, insegurança, exploração, perseguição ou grave deterioração ambiental, fere a dignidade de muitos homens e mulheres e de famílias inteiras”.
O papa afirma que um verdadeiro deve ser avaliado pela forma como trata os mais vulneráveis. “A verdadeira promoção do bem comum ocorre quando a sociedade e o governo, com criatividade e estrito respeito pelos direitos de todos, acolhem, protegem, promovem e integram os mais frágeis”, afirmou.
Ao mesmo tempo, o papa faz um apelo para que os norte-americanos não se deixem levar por discursos que alimentam o preconceito e a hostilidade contra os imigrantes. Ele exorta “todos os homens e mulheres de boa vontade” a não cederem a narrativas que “discriminam e causam sofrimento desnecessário aos nossos irmãos e irmãs migrantes e refugiados”.
![Papa Critica Deportação De Imigrantes E Defende Dignidade Humana 2 Donald Trump discursa durante evento com líderes cristãos | Foto: Casa Branca/Divulgação](https://medias.revistaoeste.com/wp-content/uploads/2025/02/vlcsnap-2025-02-07-19h19m50s740.jpg)
Segundo ele, é dever dos cristãos construir pontes em vez de muros e aprender a entregar suas vidas “como Jesus Cristo deu a sua pela salvação de todos”. Francisco também alerta para os riscos de um nacionalismo exacerbado, que pode levar a políticas excludentes e prejudiciais à sociedade.
“A preocupação com a identidade pessoal, comunitária ou nacional, quando desprovida do reconhecimento da dignidade do outro, facilmente introduz um critério ideológico que distorce a vida social e impõe a vontade dos mais fortes como critério de verdade”, escreveu.
Ao final da carta, o papa invoca a proteção de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira de todo o continente americano, para que ela interceda pelos imigrantes que vivem com medo ou sofrem com a deportação.
Fonte: revistaoeste